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Capítulo 61: Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos

Página 593

- Cem escudos, sim, senhor. Portanto, como deve compreender, nunca farei semelhante coisa.

- Nem mesmo por quinze anos dos seus vencimentos? Vejamos, é caso para pensar, hem?

- Por quinze mil francos?

- Sim.

- O senhor assusta-me.

- Ora!

- O senhor quer-me tentar?

- Exactamente! Quinze mil francos, compreende?

- Senhor, deixe-me olhar o meu correspondente da direita!

- Pelo contrário, não olhe para ele, olhe para isto.

- Que é isto?

- Como! Não conhece estes papelinhos?

- Notas! - Autênticas. Estão aqui quinze.

- Para quem são?

- Para si, se quiser.

- Para mim?! - gritou o funcionário, sufocado.

- Meu Deus, sim, para si e em propriedade plena.

- Senhor, o meu correspondente da direita está a transmitir.

- Deixe-o transmitir.

- O senhor distraiu-me e vou ser multado.

- O que lhe custará cem francos. Bem vê que tem todo o interesse em aceitar as minhas quinze notas.

- Senhor, o meu correspondente da direita impacienta-se e repete os seus sinais.

- Deixe-o repetir e pegue neste dinheiro.

O conde meteu o maço na mão do funcionário.

- Mas isto ainda não é tudo. Os quinze mil francos não lhe dariam para viver.

- Continuaria a ter o meu lugar.

- Não, perdê-lo-á, porque vai transmitir um sinal diferente do do seu correspondente.

- Oh, senhor, que pretende de mim?

- Uma brincadeira de criança.

- Senhor, a não ser que seja obrigado a isso...

- Espero obrigá-lo, efectivamente.

E Monte-Cristo tirou da algibeira outro maço de notas.

- Aqui estão mais dez mil francos - disse. - Com os quinze mil que tem na algibeira, são vinte e cinco mil. Com cinco mil francos comprará uma bonita casinha e duas jeiras de terra; com os restantes vinte mil, arranjará mil francos de rendimento.

- Um jardim de duas jeiras?

- E mil francos de rendimento.

- Meu Deus! Meu Deus!

- Tome, vamos! E Monte-Cristo meteu à força os dez mil francos na mão do funcionário.

- Que devo fazer?

- Nada muito difícil.

- Mas mesmo assim...

- Repetir estes sinais.

Monte-Cristo tirou da algibeira um papel com três sinais traçados e números a indicar a ordem por que deviam ser transmitidos.

- Não levará muito tempo, como vê.

- Pois não, mas...

- Se quer ter pêssegos-carecas tem de os merecer, assim como o resto.

O homenzinho decidiu-se. Rubro de excitação e suando por todos os poros, executou um após outro os três sinais dados pelo conde, apesar das horríveis deslocações do correspondente da direita, que, não compreendendo nada daquela troca de sinais, começava a crer que o homem dos pêssegos enlouquecera.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 593

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069