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Capítulo 62: Os fantasmas

Página 597

Os criados iam e vinham contentes naquele belo pátio: uns, já senhores das cozinhas, cirandavam, como se sempre tivessem morado naquela casa, pelas escadas restauradas na véspera; outros enchiam as cocheiras, onde as carruagens, numeradas e arrumadas, pareciam instaladas havia cinquenta anos, e outros ainda percorriam as cavalariças, onde os cavalos, à manjedoura, respondiam relinchando aos moços de estrebaria que lhes falavam com infinitamente mais respeito do que muitos criados falam aos amos.

A biblioteca estava disposta em dois corpos, de ambos os lados da parede, e continha cerca de dois mil volumes. Uma secção inteira estava destinada aos romances modernos e o que saíra na véspera já estava arrumado no seu lugar, pavoneando-se na sua encadernação vermelha e ouro.

Do outro lado da casa, no mesmo plano da biblioteca, ficava a estufa, guarnecida de plantas raras que vegetavam em grandes jarrões japoneses, e no meio da estufa, maravilha ao mesmo tempo da vista e do olfacto, um bilhar que dir-se-ia abandonado havia uma hora no máximo pelos jogadores, que tinham deixado as bolas imobilizarem-se no tapete.

Apenas um quarto fora respeitado pelo magnífico Bertuccio. Diante desse quarto, situado no canto esquerdo do primeiro andar e ao qual se podia subir pela escada secreta, os criados passavam com curiosidade e Bertuccio com terror.

Às cinco horas exactas, acompanhado de Ali, o conde chegou diante da casa de Auteuil. Bertuccio esperava a sua chegada com uma impaciência laivada de inquietação Esperava alguns cumprimentos, mas também temia uma franzidela de sobrolho. Monte-Cristo apeou-se no pátio, percorreu toda a casa e deu a volta ao jardim, silencioso e sem exteriorizar o menor sinal de aprovação ou descontentamento.

Apenas quando entrou no seu quarto, situado do lado oposto ao quarto fechado, estendeu a mão para a gaveta de um movelzinho de pau-rosa, que já lhe chamara a atenção na sua primeira visita.

- Isto só pode servir para guardar luvas - disse.

- Com efeito, Excelência - respondeu Bertuccio, encantado. - Se a abrir, encontrará luvas.

Nos outros móveis o conde encontrou também o que esperava encontrar: garrafas, charutos, jóias.

- Muito bem! - disse novamente.

E o Sr. Bertuccio retirou-se encantado, tão grande era o poder e real a influência daquele homem sobre tudo o que o rodeava.

Às seis horas exactas ouviu-se tropear um cavalo diante da porta de entrada. Era o nosso capitão de sipaios, que chegava montado em Médéah.

Monte-Cristo esperava-o na escadaria, de sorriso nos lábios.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 597

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069