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Capítulo 63: O jantar

Página 608

- Havia sobretudo um quarto - continuou Monte-Cristo -, oh, meu Deus, um quarto aparentemente muito simples, um quarto como todos os quartos forrado de damasco vermelho, que me pareceu, não sei porquê, deveras dramático!

- Dramático?... Dramático porquê? - perguntou Debray.

- Não costumam ter a percepção das coisas instintivas? - perguntou Monte-Cristo. - Não é verdade que há sítios onde parece que se respira naturalmente a tristeza? Porquê? Ninguém sabe nada a tal respeito. Mas isso acontece, quer por um encadeamento de recordações, quer por um capricho do pensamento que nos conduz a outros tempos, a outros lugares sem qualquer relação com os tempos e os lugares onde nos encontramos. Tanto assim que aquele quarto me recordava admiravelmente o quarto da marquesa de Ganges ou o de Desdémona. Olhem, uma vez que já acabámos de jantar, quero que o vejam. Depois desceremos para tomar o café no jardim. Depois do jantar, o espectáculo.

Monte-Cristo fez um sinal como se consultasse os seus convidados. A Sr.ª de Villefort levantou-se, Monte-Cristo imitou-a e toda a gente lhe seguiu o exemplo.

Villefort e a Sr.ª Danglars ficaram um instante como que pregados no seu lugar. Interrogavam-se com a vista, frios, mudos e aterrorizados.

- Ouviu? - perguntou a Sr.ª Danglars.

- Temos de ir - respondeu Villefort, levantando-se e oferecendo-lhe o braço.

Toda a gente se espalhara já pela casa, impelida pela curiosidade, pois pensavam que a visita não se limitaria ao tal quarto e que ao mesmo tempo percorreriam o resto daquele pardieiro que Monte-Cristo transformara num palácio. Todos correram portanto para as portas abertas. Monte-Cristo esperou pelos dois retardatários. Depois, quando eles também saíram, fechou o cortejo, com um sorriso que, se o pudessem compreender, apavoraria muito mais os convivas do que o quarto onde iam entrar.

Começaram, com efeito, por percorrer os aposentos, os quartos mobilados à oriental, com divãs e almofadas a servirem de cama e cachimbos e armas a fazerem as vezes de móveis; as salas com as paredes cobertas dos mais belos quadros dos velhos mestres; os boudoirs revestidos de tecidos da China, de cores caprichosas e desenhos extravagantes, maravilhosos; por fim, chegaram ao famoso quarto.

Não tinha nada de especial, excepto a circunstância de, apesar de o dia estar a morrer, se não encontrar iluminado e se apresentar em toda a sua vetustez, quando todos os outros quartos haviam sido arranjados de novo.

Estas duas causas bastavam, efectivamente, para lhe dar um aspecto lúgubre.

- Oh, é horrível, com efeito! - exclamou a Sr.ª de Villefort.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 608

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069