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Capítulo 63: O jantar

Página 611

- Bom, já que as coisas estão neste pé, aproveito a oportunidade para fazer a minha declaração – redarguiu Monte-Cristo.

- A sua declaração? - repetiu Villefort.

- Sim, e diante de testemunhas.

- Tudo isto é deveras interessante - disse Debray. - E se houve realmente crime, vamos fazer admiravelmente a digestão.

- Houve crime - insistiu Monte-Cristo. - Venham por aqui, meus senhores. Venha, Sr. de Villefort. Para que a declaração seja válida, deve ser feita às autoridades competentes.

Monte-Cristo pegou no braço de Villefort, ao mesmo tempo que apertava debaixo do seu o da Sr.ª Danglars, e arrastou o procurador régio até ao plátano, onde a sombra era mais espessa.

Todos os outros convidados os seguiram.

- Veja - disse Monte-Cristo. - Aqui, precisamente aqui – e batia na terra com o pé -, aqui, para rejuvenescer estas árvores, já velhas, mandei cavar a terra e adubá-la. Pois bem, os meus trabalhadores, ao cavarem, desenterraram um cofre, ou antes, as ferragens de um cofre, no meio das quais estava o esqueleto de uma criança recém-nascida. Espero que não tomem isto como fantasmagoria...

Monte-Cristo sentiu retesar-se o braço da Sr.ª Danglars e tremer a mão de Villefort.

- Uma criança recém-nascida? - repetiu Debray. - Diabo, parece-me que o caso está a pôr-se sério...

- Bom - interveio Château-Renaud -, não me enganava portanto quando afirmava há pouco que as casas tinham uma alma e um rosto como os homens e que na sua fisionomia transparecia um reflexo do seu íntimo. A casa era triste porque tinha remorsos, e tinha remorsos porque ocultava um crime.

- Quem diz que é um crime? - contrapôs Villefort, tentando um derradeiro esforço.

- Como, uma criança enterrada viva num jardim não é um crime? -exclamou Monte-Cristo. - Como designa então essa acção, Sr. Procurador Régio?

- Mas quem diz que foi enterrada viva?

- Para quê enterrá-la aqui se estivesse morta? Este jardim nunca foi um cemitério.

- Que fazem aos infanticidas neste país? - perguntou ingenuamente o major Cavalcanti.

- Meu Deus, cortam-lhes muito simplesmente o pescoço! - respondeu Danglars.

- Ah, cortam-lhes o pescoço!... - repetiu Cavalcanti.

- Parece-me... Não é assim, Sr. de Villefort? - perguntou Monte-Cristo.

- É, Sr. Conde - respondeu o interpelado num tom que já não tinha nada de humano.

Monte-Cristo viu que as duas personagens para as quais preparara aquela cena não podiam suportar mais. E como não queria levá-las demasiado longe, mudou de assunto:

- Então o café, meus senhores? Parece-me que o esquecemos! E levou os convidados para a mesa colocada no meio do relvado.

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pág. 611 (Capítulo 63)

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 611

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069