Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 65: Cena conjugal

Página 624

- De uma vez para sempre, senhor - redarguiu azedamente a baronesa -, repito-lhe: nunca me fale em dinheiro! É uma linguagem que não aprendi nem em casa de meus pais nem em casado meu primeiro marido.

- Acredito, meu Deus! - volveu-lhe Danglars. Pois se nem um nem outro tinham um chavo!

- Mais uma razão para que não tenha aprendido em sua casa o calão bancário com que me matam aqui o bichinho do ouvido de manhã à noite. Esse barulho de moedas que contam e recontam é-me odioso, e só o som da sua voz me é ainda mais desagradável.

- Na verdade, como tudo isto é estranho! - comentou Danglars.

- E eu que julgava que a senhora dedicava o mais vivo interesse às minhas operações!

- Eu? Quem lhe meteu na cabeça semelhante tolice?

- A senhora mesma.

- Ora essa!

- Sem dúvida.

- Gostaria muito que me dissesse quando isso aconteceu.

- Nada mais fácil, meu Deus! Em Fevereiro último, a senhora foi a primeira pessoa a falar-me dos fundos de Haiti. Sonhara que um navio entrava no porto do Havre e que esse navio trazia a notícia de que se ia efectuar um pagamento que se julgava relegado para as calendas gregas. Conheço a lucidez do seu sono, por isso, mandei comprar à socapa todos os cupões que consegui encontrar da dívida do Haiti e ganhei quatrocentos mil francos, cem mil dos quais lhe foram religiosamente entregues. A senhora fez o que quis desse dinheiro e eu nunca lhe pedi contas dele.

»Em Março, tratava-se de uma concessão de caminho-de-ferro. Concorriam três empresas que davam iguais garantias. A senhora disse-me que o seu instinto... (Aqui entre nós, embora a senhora se pretenda alheia às especulações, creio, pelo contrário, que possui um instinto desenvolvidíssimo a respeito de certas matérias... ) Pois nesse caso disse-me que o seu instinto lhe segredava que a concessão seria dada à empresa chamada do Meio-Dia.

»Inscrevi-me imediatamente para subscrever dois terços das acções dessa sociedade. A concessão foi-lhe efectivamente dada, como a senhora previra; as acções triplicaram de valor e eu embolsei um milhão, do qual lhe entreguei duzentos e cinquenta mil francos para os seus alfinetes. Como empregou esses duzentos e cinquenta mil francos?

- Mas onde quer o senhor chegar? - gritou-lhe a baronesa, trémula de despeito e impaciência.

- Calma, minha senhora. Lá iremos...

- Assim espero!

- Em Abril, jantou em casa do ministro. Falou-se de Espanha e a senhora ouviu uma conversa secreta. Tratava-se da expulsão de D. Carlos. Comprei fundos espanhóis. A expulsão realizou-se e eu ganhei seiscentos mil francos no dia em que Carlos V transpôs o Bidassoa.

<< Página Anterior

pág. 624 (Capítulo 65)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 624

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069