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Capítulo 67: No gabinete do Procurador Régio

Página 641
Nunca esquecerei a sua coragem sublime quando ao voltar a mim me arrastei, expirando, até ao fundo da escada, onde, expirando também, a senhora veio ao meu encontro. Era necessário ocultar a terrível catástrofe. A senhora teve a coragem de voltar para casa amparada pela sua ama; um duelo foi o pretexto do meu ferimento. Contra toda a expectativa, ninguém revelou o nosso segredo. Transportaram-me para Versalhes; durante três meses estive às portas da morte. Por fim, como parecesse agarrar-me à vida, recomendaram-me o sol e os ares do Meio-Dia. Quatro homens transportaram-me de Paris a Chalon, percorrendo seis léguas por dia. A Sr.ª de Villefort acompanhava a maca na sua carruagem. Em Chalon puseram-me no Sena, depois passei para o Ródano e, levado apenas pela velocidade da corrente, desci até Arles. Em Arles retomei a maca e continuei o meu caminho para Marselha. A minha convalescença durou seis meses. Nunca mais ouvira falar da senhora e não me atrevia a perguntar o que lhe acontecera. Quando regressei a Paris, soube que, viúva do Sr. Nargonne, casara com o Sr. Danglars.

»Em que pensei depois de recuperar os sentidos? Pensava sempre na mesma coisa, sempre naquele cadáver de criança, que todas as noites, nos meus sonhos, saía do seio da terra e pairava por cima da cova, ameaçando-me com a vista e com o gesto. Por isso, assim que regressei a Paris informei-me. A casa não voltara a ser habitada desde que a deixámos, mas acabava de ser alugada por nove anos. Procurei o locatário, fingi ter um grande desejo de não ver passar a mãos estranhas aquela casa que pertencia ao pai e à mãe da minha mulher e ofereci uma indemnização pela renúncia ao arrendamento. Pediram-me seis mil francos, mas eu daria dez mil, daria vinte mil. Como trazia o dinheiro comigo, fiz o inquilino assinar imediatamente a rescisão. Depois, logo que me encontrei de posse desse documento tão desejado, parti a galope para Auteuil. Ninguém, desde que eu de lá saíra, entrara naquela casa.

» Eram cinco horas da tarde. Subi ao quarto vermelho e esperei pela noite.

» Ali, tudo o que dizia a mim próprio havia um ano, na minha agonia contínua, me veio à ideia de forma muito mais ameaçadora do que nunca.

» Aquele corso que me declarara a vendetta e me seguira de Nimes a Paris; aquele corso, que se encontrava escondido no jardim e me ferira, vira-me abrir a cova, vira-me enterrar a criança e poderia acabar por descobrir quem era a senhora. Talvez até já a conhecesse... Não a faria pagar um dia o segredo do terrível acontecimento?... Não seria isso para ele uma, agradável vingança, quando soubesse que eu não morrera da sua punhalada?

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pág. 641 (Capítulo 67)

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 641

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069