O Conde de Monte Cristo - Cap. 69: As informações Pág. 654 / 1080

Quanto a Lorde Wilmore, residia da Rua Fontaine - Saint-Georges. Era um desses turistas ingleses que gastam toda a sua fortuna em viagens. Alugara mobilado o apartamento em que morava, no qual passava apenas duas ou três horas por dia e onde raramente dormia. Uma das suas manias era recusar-se terminantemente a falar a língua francesa, que no entanto escrevia, afirmava-se, com muita pureza.

No dia seguinte àquele em que estas preciosas informações chegaram às mãos do Sr. Procurador Régio, um homem que se apeara de uma carruagem à esquina da Rua Férou foi bater a uma porta pintada de verde-azeitona e perguntou pelo abade Busoni.

- O Sr. Abade saiu logo de manhãzinha - respondeu o criado.

- Poderia não me contentar com essa resposta - redarguiu o visitante -, porque venho da parte de uma pessoa para quem toda a gente está sempre em casa. Mas queira entregar ao abade Busoni...

- Já lhe disse que não estava - repetiu o criado.

- Então, quando voltar, entregue-lhe este cartão e esta carta. O Sr. Abade estará em casa às oito horas, esta noite?

- Com certeza, senhor, a menos que o Sr. Abade trabalhe, porque então é como se tivesse saído.

- Voltarei portanto esta noite, à hora indicada - disse o visitante.

E retirou-se.

Com efeito, à hora indicada o mesmo homem voltou na mesma carruagem, que, desta vez, em lugar de parar à esquina da Rua Férou, se deteve diante da porta verde. Bateu, abriram e entrou.

Pelos sinais de respeito de que o criado foi pródigo para com ele, compreendeu que a sua carta produzira o efeito desejado.

- O Sr. Abade está em casa? - perguntou? - Está. Trabalha na sua biblioteca, mas vai atender o senhor respondeu o criado.

O desconhecido subiu uma escada bastante íngreme e, diante de uma secretária cujo tampo estava inundado da luz que concentrava um grande quebra-luz, enquanto o resto da sala ficava na sombra, viu o abade, em vestes eclesiásticas e com a cabeça coberta por um desses capuzes com que ocultavam o crânio os pretensos sábios da Idade Média.

- É ao Sr. Busoni que tenho a honra de falar? - perguntou o visitante.

- É, sim, senhor - respondeu o abade. - E o senhor é a pessoa que o Sr. de Boville, antigo intendente das prisões, me manda da parte do Sr. Prefeito da Polícia?

- Exactamente, senhor.

- Um dos agentes afectos à Segurança de Paris?

- Sim, senhor - respondeu o desconhecido, com uma espécie de hesitação e sobretudo um pouco de rubor.

O abade reajustou os grandes óculos, que lhe cobriam não só os olhos, mas também as têmporas, e voltando a sentar-se, fez sinal ao visitante para se sentar igualmente.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069