A condessa mandou Albert ao encontro da Sr.ª Danglars. Albert obedeceu, apresentou à baronesa, a propósito da sua toilette, os devidos cumprimentos e ofereceu-lhe o braço para a conduzir ao lugar que lhe aprouvesse escolher, Albert olhou à sua volta.
- Procura a minha filha? - inquiriu, sorrindo, a baronesa.
- Confesso que sim - respondeu Albert. - Seria capaz de cometer a crueldade de não no-la trazer?
- Tranquilize-se, encontrou Mademoiselle de Villefort e deu-lhe o braço. Olhe, ai vêm atrás de nós, ambas de vestido branco, uma com um ramo de camélias e a outra com um ramo de miosótis. Mas diga-me uma coisa...
- Que procura a senhora por sua vez? - perguntou Albert, sorrindo.
- Não terão esta noite o conde de Monte-Cristo?
- Dezassete! - respondeu Albert.
- Que quer dizer?
- Quero dizer que as coisas vão bem - esclareceu o visconde, rindo - e que a senhora é a décima sétima pessoa que faz a mesma pergunta. Não há dúvida, o conde está bem lançado!... Tenho de o felicitar...
- O senhor responde a toda a gente como a mim?
- Ah, é verdade, não lhe respondi! Sossegue, minha senhora, teremos o homem da moda, pertencemos ao número dos privilegiados.
- Foi ontem à ópera?
- Não.
- Ele estava lá.
- Deveras? E o excentric man teve alguma nova originalidade?
- Pode porventura exibir-se sem isso? Eissler dançava O Diabo Coxo; a princesa grega estava enleada. Depois da cachucha, ele meteu um anel magnífico no pé de um ramo de flores e atirou-o à encantadora bailarina, que no terceiro acto reapareceu em cena, para o distinguir, com o anel no dedo. E a sua princesa grega, também virá?
- Não, tem de ter paciência e privar-se dela, mas a sua situação em, casa do conde não está bem definida.
- Olhe, deixe-me aqui e vá cumprimentar a Sr.ª de Villefort - disse a baronesa. - Adivinho que está ansiosa por lhe falar.
Albert cumprimentou a Sr.ª Danglars e foi ao encontro da Sr.ª de Villefort, que abria a boca à medida que ele se aproximava.
- Aposto - disse Albert, interrompendo-a - que sei o que me vai perguntar...
- Essa agora! - exclamou a Sr.ª de Villefort.
- Se acertar, confessa-mo?
- Confesso.
- Palavra de honra?
- Palavra de honra!
- Ia perguntar-me se o conde de Monte-Cristo já veio ou ainda vem...
- De modo nenhum. Não me ocupo dele neste momento. Ia perguntar-lhe se recebeu notícias do Sr. Franz.
- Recebi, ontem.
- Que lhe dizia?
- Que partia ao mesmo tempo que a sua carta.
- Muito bem. E agora, que me diz do conde?
- O conde virá, fique tranquila.
- Sabe que tem outro nome além do de Monte-Cristo?
- Não, não sabia.