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Capítulo 73: A promessa

Página 689

Valentine aproximara-se, ou antes, aproximara os lábios da grade, e as suas palavras deslizavam, com o seu hálito perfumado, até aos lábios de Morrel, que colava a boca do outro lado do frio e inexorável tapume.

- Adeus! - despediu-se Valentine, arrancando-se àquele enleio. - Adeus!

- Escrever-me-ás?

- Sim.

- Obrigado, querida mulher! Adeus.

Ouviu-se o ruído de um beijo inocente e perdido e Valentine fugiu por baixo das tílias.

Morrel escutou os últimos ruídos do seu vestido ao roçar na vegetação e dos seus pés a fazerem ranger o saibro, ergueu os olhos ao céu com um sorriso inefável para agradecer a Deus permitir-lhe ser amado assim, e desapareceu por seu turno.

O rapaz regressou a casa e esperou durante todo o resto da noite e durante todo o dia seguinte sem receber nada. Por fim, dois dias depois, por volta das dez horas da manhã, quando se preparava para ir procurar o Sr. Deschamps, o notário, recebeu pelo correio um bilhetinho que reconheceu ser de Valentine, embora nunca lhe tivesse visto a letra. Era concebido nestes termos:

Lágrimas, súplicas, rogos, nada conseguiram. Ontem, estive durante duas horas na Igreja de S. Filipe do Roule, e durante essas duas horas pedi a Deus do fundo da alma. Mas Deus mostra-se insensível como os homens e a assinatura do contrato está marcada para esta noite às nove horas.

Só tenho uma palavra, tal como só tenho um coração, Morrel; e essa palavra dei-ta. Quanto ao coração, é teu!

Portanto esta noite, às nove horas menos um quarto, espero-te no portão.

Tua mulher,

Valentine de Villefort

P.S. - A minha pobre avó vai de mal a pior. Ontem, a sua exaltação transformou-se em delírio; hoje, o seu delírio é quase loucura. Amar-me-ás muito, não é verdade, Morrel, para me esquecer de que a deixarei neste estado? Creio que escondem ao avô Noirtier que a assinatura do contrato está marcada para esta noite.

Morrel não se contentou com as informações que lhe dava Valentine. Foi a casa do notário, que lhe confirmou a notícia de que a assinatura do contrato estava marcada para as nove horas da noite.

Em seguida passou por casa de Monte-Cristo e foi lá que soube o resto: Franz viera anunciar a cerimónia; pela sua parte, a Sr.ª de Villefort escrevera ao conde pedindo-lhe desculpa por o não convidar, mas a morte do Sr. de Saint-Méran e o estado em que se encontrava a viúva lançavam sobre a reunião um véu de tristeza, que não queria nublasse a fronte do conde, a quem desejava as maiores felicidades.

Na véspera, Franz fora apresentado à Sr.ª de Saint-Méran, que deixara o leito para essa apresentação e para ele voltara imediatamente.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 689

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069