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Capítulo 73: A promessa

Página 691

Cavalo e cabriolé foram escondidos atrás de um casebre em ruínas, em que Morrel costumava abrigar-se.

Pouco a pouco anoiteceu e as folhagens do jardim transformaram-se em frondosos tufos de um negro opaco.

Morrel saiu então do casebre e foi espreitar, com o coração palpitante, pelo buraco do portão. Não havia ainda ninguém.

Soaram oito e meia.

Passou mais meia hora. Morrel passeava de um lado para o outro, e a intervalos cada vez mais curtos espreitava pelas tábuas. O jardim escurecia de momento a momento, mas nas trevas em vão se procuraria o vestido branco de Valentine e no silêncio inutilmente se tentaria distinguir o ruído dos seus passos.

A casa, que se divisava através da folhagem, permanecia às escuras e não apresentava nenhuma das características de uma casa que se abre para um acontecimento tão importante como é a assinatura de um contrato de casamento.

Morrel consultou o seu relógio, que marcava nove horas e três quartos; mas quase imediatamente a mesma voz do relógio já ouvida duas ou três vezes rectificou o erro do relógio de bolso batendo nove e meia.

Passava já meia hora da que a própria Valentine marcara: ela dissera nove horas, para menos, que não para mais.

Aquele foi o momento mais terrível para o coração do rapaz, no qual cada segundo caía como um martelo de chumbo.

O mais ténue ruído da folhagem, o mais pequeno sopro do vento faziam-no apurar o ouvido e cobriam-lhe a testa de suor. Então, muito trémulo, prendia a escada e, para não perder tempo, punha o pé no primeiro degrau.

No meio destas alternâncias de dúvida e esperança, destas dilatações e destes apertos de coração, soaram dez horas na igreja.

- Oh! - murmurou Maximilien, com terror. - É impossível que a assinatura de um contrato dure tanto tempo, a menos que se verifiquem acontecimentos imprevistos. Já avaliei todas as hipóteses e calculei o tempo que duram todas as formalidades, e não há dúvida que aconteceu qualquer coisa.

E então, ora passeava agitado diante do portão, ora ia apoiar a testa escaldante no ferro gelado. Teria Valentine desmaiado depois do contrato ou fora detida na fuga? Estas eram as duas únicas hipóteses em que o jovem se podia deter, ambas desesperantes.

A ideia a que se agarrou foi a de que, em plena fuga, as forças tinham faltado a Valentine e esta caíra sem sentidos no meio de alguma alameda.

- Oh, sendo assim - gritou, correndo para o cimo da escada -, perdê-la-ei e por minha culpa! O demónio que lhe segredara este pensamento já não o deixou e passou a sussurrar-lho ao ouvido com aquela persistência que faz com que certas dúvidas, ao cabo de um instante, pela força do raciocínio, se transformem em convicções.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 691

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069