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Capítulo 73: A promessa

Página 692
Os seus olhos, que procuravam devassar a escuridão crescente, julgavam distinguir na alameda sombria um corpo caído.

Morrel arriscou-se a chamar e pareceu-lhe que o vento lhe trazia um gemido inarticulado.

Por fim, deram dez e meia. Era-lhe impossível conter-se mais tempo; todas as hipóteses eram admissíveis. As têmporas de Maximilien latejavam com força e passavam-lhe nuvens diante dos olhos. Encavalitou-se no muro e saltou para o outro lado.

Estava em casa de Villefort, onde acabava de entrar por escalamento. Lembrou-se das consequências que lhe poderia acarretar semelhante procedimento, mas não viera até ali para recuar.

Num instante encontrou-se na extremidade do maciço. Do ponto onde estava via-se a casa.

Então, Morrel assegurou-se de uma coisa de que já suspeitara ao tentar ver através das árvores: em lugar das luzes que pensava ver brilhar em cada janela, como é natural nos dias de cerimónia, só viu a massa cinzenta do edifício, velada ainda por uma grande cortina de sombra projectada por uma nuvem imensa que tapava a Lua.

De vez em quando, como que transviada, passava a correr uma luz diante de três janelas do primeiro andar. Essas três janelas eram as dos aposentos da Sr.ª de Saint-Méran.

Outra luz permanecia imóvel atrás dos cortinados vermelhos do quarto da Sr.ª de Villefort.

Morrel adivinhou tudo isto. Tantas vezes, para acompanhar Valentine em pensamento a qualquer hora do dia, esboçara a planta da casa, que a conhecia sem a ter visto.

O rapaz ficou ainda mais assustado com aquela escuridão e aquele silêncio do que ficara com a ausência de Valentine.

Desorientado, louco de dor, decidido a arriscar tudo para tornar a ver Valentine e assegurar-se da desgraça que pressentia, fosse qual fosse, Morrel alcançou a orla do maciço e preparava-se para atravessar o mais rapidamente possível o jardim, em campo aberto, quando um som de vozes ainda bastante afastado, mas que o vento lhe trazia, chegou até si.

Ao ouvir tal barulho, recuou um passo; já meio saído da folhagem, embrenhou-se nela completamente e ficou imóvel e calado, mergulhado na obscuridade.

A sua resolução estava tomada: se fosse Valentine, sozinha, avisá-la-ia com uma palavra à sua passagem; se Valentine estivesse acompanhada, pelo menos vê-la-ia e assegurar-se-ia de que não lhe acontecera nenhum mal; se fossem estranhos, apanharia algumas palavras do seu diálogo, que talvez lhe permitissem compreender aquele mistério, até ali incompreensível.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 692

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069