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Capítulo 73: A promessa

Página 693

A Lua saiu então da nuvem que a ocultava e Morrel viu aparecer Villefort à porta da entrada principal, acompanhado de um homem vestido de preto. Desceram os degraus e dirigiram-se para o maciço. Ainda não tinham dado quatro passos quando Morrel reconheceu o Dr. de Avrigny no homem vestido de preto.

Ao ver que vinham na sua direcção, o jovem recuou maquinalmente diante deles, até encontrar o tronco de um sicômoro que formava o centro do maciço; ai foi obrigado a parar.

Em breve o saibro deixou de ranger sob os passos dos dois passeantes.

- Ah, caro doutor, decididamente, o Céu declara-se contra a minha casa! - disse o procurador régio. - Que morte horrível! Que golpe inesperado! Não tente confortar-me; infelizmente, a chaga é demasiado viva e profunda! Morte, morte! Um suor frio gelou a fronte do rapaz e fê-lo bater os dentes.

Quem teria morrido naquela casa que o próprio Villefort dizia amaldiçoada?

- Meu caro Sr. de Villefort - respondeu o médico, num tom que redobrou o terror do rapaz -, não o trouxe aqui para o confortar, muito pelo contrário.

- Que quer dizer? - perguntou o procurador régio, assustado.

- Quero dizer que atrás da desgraça que acaba de lhe acontecer existe outra talvez ainda maior.

- Oh, meu Deus! - murmurou Villefort, juntando as mãos. - Que mais me vai dizer?

- Estamos bem sós, meu amigo?

- Sim, estamos absolutamente sós... Mas que significam todas essas precauções?

- Significam que tenho uma confidência terrível a fazer-lhe - respondeu o médico. - Sentemo-nos.

Villefort mais se deixou cair do que se sentou no banco. O médico ficou de pé diante dele, com uma das mãos pousada no ombro do magistrado. Morrel, gelado de terror, tinha uma das mãos na testa e com a outra comprimia o coração, cujas pulsações receava se ouvissem.

«Morte, morte!», repetia em pensamento com a voz do coração.

E ele próprio se sentia morrer.

- Fale, doutor, escuto-o - disse Villefort. - Diga, estou preparado para tudo.

- A Sr.ª de Saint-Méran era de facto muito idosa, sem dúvida, mas gozava de excelente saúde.

Morrel respirou pela primeira vez nos últimos dez minutos.

- O desgosto matou-a - disse Villefort. - Sim, o desgosto, doutor! Há quarenta anos que estava habituada a viver com o marquês...

- Não foi o desgosto, meu caro Villefort - redarguiu o médico. - O desgosto pode matar, embora os casos sejam raros, mas não mata num dia, mas não mata numa hora, mas não mata em dez minutos.

Villefort não respondeu nada; apenas levantou a cabeça, que até ali conservara baixa, e fitou o médico com olhos esgazeados.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 693

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069