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Capítulo 73: A promessa

Página 694

- Assistiu à agonia? - perguntou o Sr. de Avrigny.

- Assisti - respondeu o procurador régio. - O senhor disse-me em voz baixa para não me afastar.

- Notou os sintomas do mal a que a Sr.ª de Saint-Méran sucumbiu?

- Certamente. A Sr.ª de Saint-Méran teve três ataques sucessivos com poucos minutos de intervalo uns dos outros e de cada vez mais próximos e mais graves. Quando o senhor chegou, havia já alguns minutos que a Sr.ª de Saint-Méran estava arquejante; teve então uma crise, que tomei por um simples ataque de nervos; mas só me comecei a assustar realmente quando a vi soerguer-se na cama, com os membros e o pescoço estendidos. Então, pela sua cara, doutor, compreendi que o caso era mais grave do que supunha. Passada a crise, procurei os seus olhos, mas já os não encontrei, doutor. O senhor segurava-lhe no pulso e contava as pulsações, e a segunda crise surgiu antes de o meu amigo se virar para mim. Essa segunda crise foi mais terrível do que a primeira. Verificaram-se os mesmos movimentos nervosos e a boca contraiu-se-lhe e tornou-se roxa. à terceira, expirou. Já depois do fim da primeira eu tinha reconhecido o tétano, e o senhor confirmou-me tal opinião.

- Sim, diante de toda a gente - salientou o médico. - Mas agora estamos sós.

- Que me vai dizer, meu Deus?

- Que os sintomas do tétano e do envenenamento por produtos vegetais são absolutamente os mesmos.

O Sr. de Villefort levantou-se. Em seguida, depois de um instante de imobilidade e silêncio, voltou a deixar-se cair no banco.

- Meu Deus, doutor, pensou bem no que acaba de me dizer?

Morrel não sabia se sonhava ou se estava acordado.

- Ouça - disse o médico - conheço a importância da minha declaração e o cargo do homem a quem a faço.

- É ao magistrado ou ao amigo que fala? - perguntou Villefort.

- Ao amigo, apenas ao amigo, neste momento. As semelhanças entre os sintomas do tétano e os sintomas do envenenamento por substâncias vegetais são de tal modo grandes que se tivesse de assinar o que lhe digo declaro-lhe que hesitaria. Por isso, repito-lhe, não é ao magistrado que me dirijo, é ao amigo. Pois bem, ao amigo digo: durante os três quartos de hora que durou, estudei a agonia, as convulsões e a morte da Sr.ª de Saint-Méran, e é minha convicção que não só a Sr.ª de Saint-Méran morreu envenenada, como ainda direi... sim, direi que conheço o veneno que a matou.

- Senhor, senhor!

- Tudo se conjuga, repare: sonolência interrompida por crises nervosas, sobreexcitação do cérebro, torpor dos centros... A Sr.ª de Saint-Méran. sucumbiu a uma dose violenta de brucina ou estricnina, que por acaso, sem dúvida, que por erro, talvez, lhe administraram.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 694

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069