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Capítulo 10: O gabinetezinho das Tulherias

Página 72
É um homem bem pensante, merecedor de toda a minha confiança e encarregado por mim de vigiar o Meio- Dia (o duque hesitou ao pronunciar estas palavras), que chega pela posta para me dizer: «Um grande perigo ameaça o rei.» É por isso que estou aqui, Sire.

- «Mala ducis ari domum» - continuou Luís XVIII a anotar.

- Vossa Majestade ordena-me que não volte a insistir neste assunto?

- Não, meu caro duque; mas estenda a mão.

- Qual?

- A que quiser, ali, à esquerda.

- Aqui, Sire?

- Digo-lhe à esquerda e você procura à direita... Quero dizer à minha esquerda. Aí... Acertou. Deve encontrar aí o relatório do ministro da Polícia datado de ontem... Mas veja, aí está o próprio Sr. Dandré... Não foi o Sr. Dandré que disse? - interrompeu-se Luís XVIII, dirigindo-se ao contínuo que, efetivamente, acabava de anunciar o ministro da Polícia.

- Foi, Sire, o Sr. Barão Dandré - repetiu o contínuo.

- Vem a propósito, barão - prosseguiu Luís XVIII com um sorriso imperceptível. - Entre, barão, e conte ao duque o que sabe de mais recente acerca do Sr. Bonaparte. Não nos dissimule nada da situação, por mais grave que seja. Vejamos, a ilha de Elba é um vulcão do qual vamos ver sair a guerra chame jante e toda eriçada: «Bella, horrida bella?»

O Sr. Dandré balouçou-se muito graciosamente nas costas de uma poltrona em que apoiava as mãos e disse:

- Vossa Majestade dignou-se consultar o relatório de ontem?

- Sim, sim. Mas diga ao duque, que o não consegue encontrar, o que continha o relatório. Descreva-lhe em pormenor o que faz o usurpador na sua ilha.

- Senhor - disse o barão ao duque -, todos os servidores de Sua Majestade se devem regozijar com as notícias que nos chegaram recentemente da ilha de Elba. Bonaparte...

O Sr. Dandré olhou para Luís XVIII que, ocupado a escrever uma nota, nem sequer levantou a cabeça.

- Bonaparte - continuou o barão - aborrece-se mortalmente. Passa dias inteiros a ver trabalhar os seus mineiros de Porto Longone.

- E coça-se para se distrair - observou o rei

- Coça-se? - estranhou o duque. - Que quer dizer Vossa Majestade? - Sim, sim, meu caro duque. Esquece-se de que esse grande homem, esse herói, esse semideus, sofre de uma doença de pele que o devora, o «purigo»? - Mas há mais, Sr. Duque - continuou o ministro da Polícia. - Temos quase a certeza de que dentro de pouco tempo o usurpador estará louco.

- Louco? - Doido varrido. A sua cabeça enfraquece; tão depressa se desfaz em lágrimas como ri a bandeiras despregadas. Outras vezes passa horas à beira-mar a lançar seixos à água, e quando o seixo faz cinco ou seis ricochetes parece tão satisfeito como se tivesse ganho um outro Marengo ou um novo Austerlitz.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 72

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069