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Capítulo 10: O gabinetezinho das Tulherias

Página 73
Decerto concordam que se trata de sinais de loucura.

- Ou de sensatez, Sr. Barão, ou de sensatez - observou Luís XVIII rindo. - Era atirando seixos ao mar que se entretinham os grandes capitães da Antiguidade. Vejam Plutarco, na vida de Cipião-o- Africano.

O Sr. de Blacas ficou pensativo entre as duas hipóteses.

Villefort, que lhe não quisera dizer tudo para que o outro não lhe roubasse o lucro completo do seu segredo, dissera-lhe no entanto o suficiente para lhe dar graves inquietações.

- Vamos, vamos, Dandré - insistiu Luís XVIII

- Blacas ainda não está convencido. Passe à conversão do usurpador.

O ministro da Polícia inclinou-se.

- A conversão do usurpador! - murmurou o duque, olhando o rei e Dandré, que alternavam como dois pastores de Virgílio. - O usurpador converteu-se?

- Absolutamente, meu caro duque.

- Aos bons princípios? Explique isso, barão.

- Aqui tem o que aconteceu, Sr. Duque - principiou o ministro com a maior seriedade do mundo. - Ultimamente, Napoleão passou uma revista e como dois ou três dos seus velhos caturras, como lhes chama, manifestassem vontade de regressar a França, autorizou-os e exortou-os a servir o seu bom rei. Foram estas as suas próprios palavras, Sr. Duque, garanto-lhe.

- Então, Blacas, que me diz a isto? - perguntou o rei, triunfante, deixando por um instante de compulsar o calhamaço aberto diante de si

- Digo, Sire, que ou o Sr. Ministro da Polícia ou eu estamos enganados. Mas como é impossível que seja o ministro da Polícia, que tem à sua guarda a vida e a honra de Vossa Majestade, é provável que o erro seja meu. No entanto, Sire, no lugar de Vossa Majestade gostaria de interrogar a pessoa de quem lhe falei. Insisto até em que Vossa Majestade lhe conceda essa honra.

- Com muito prazer, duque. Sob os seus auspícios, receberei quem o senhor quiser. Mas quero recebê-lo de armas na mão. Sr. Ministro, não tem um relatório mais recente do que este? Este tem já a data de 20 de Fevereiro e estamos em 3 de Março!

- Não, Sire, mas espero um de um momento para o outro. Saí de manhã e talvez tenha chegado na minha ausência.

- Vá à Prefeitura e se não tiver chegado... bom - continuou, rindo, Luís XVIII -, faça um. Não é assim que resolve o problema?

- Oh, Sire! - protestou o ministro. - Graças a Deus, quanto a esse relatório não é preciso inventar nada. Todos os dias as nossas repartições se enchem com as denúncias mais circunstanciadas, provenientes de uma multidão de pobres diabos que esperam um pouco de reconhecimento por serviços que não prestam, mas que desejariam prestar.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 73

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069