Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 79: A limonada

Página 769

- Não se assuste, Sr. Noirtier - disse Avrigny. - Vou levar o doente para outro quarto a fim de o sangrar. Na verdade, este tipo de ataques são um espectáculo horrível de ver.

E segurando Barrois por baixo dos braços, arrastou-o para um quarto contíguo. Mas quase imediatamente regressou ao de Noirtier para se apoderar do resto da limonada.

Noirtier fechava o olho direito.

- Valentine, não é? Quer Valentine? Vou dizer que lha mandem.

Villefort subiu. Avrigny encontrou-o no corredor.

- Então? - perguntou o magistrado.

- Venha - convidou-o Avrigny.

E levou-o para o quarto.

- Continua sem sentidos? - perguntou o procurador régio.

- Está morto.

Villefort recuou três passos e juntou as mãos mais altas do que a cabeça, numa inequívoca prova de comiseração.

- Morreu tão rapidamente... - disse, olhando o cadáver.

- Sim, demasiado rapidamente, não é verdade? - confirmou Avrigny. - Mas isso não o deve surpreender: o Sr. e a Sr.ª de Saint-Méran também morreram rapidamente. Oh, morre-se depressa na sua casa, Sr. de Villefort!...

- Que diz?! - exclamou o magistrado, com horror e consternação. - Volta outra vez a essa ideia terrível?

- Sempre, senhor, sempre! - respondeu Avrigny solenemente. - Porque ela não me deixa um instante. E para que fique bem convencido de que desta vez não me engano, escute com atenção, Sr. de Villefort.

Villefort, tremia convulsivamente.

- Há um veneno que mata quase sem deixar vestígios. Conheço bem esse veneno: estudei-o em todos os acidentes que ocasiona, em todos os fenómenos que produz. Esse veneno reconheci-o há pouco no pobre Barrois, como já o reconhecera na Sr.ª de Saint-Méran. Há uma maneira de reconhecer a presença desse veneno: restabelece a cor azul do papel-de-tornassol avermelhado por um ácido e tinge de verde o xarope de violetas. Não temos papel-de-tornassol, mas veja, trazem-me ai o xarope de violetas que pedi.

Com efeito, ouviam-se passos no corredor. O médico entreabriu a porta, pegou das mãos da criada de quarto um recipiente no fundo do qual havia duas ou três colheres de xarope e voltou a fechar a porta.

- Veja - disse ao procurador régio, cujo coração batia com tanta força que quase se podia ouvir -, temos nesta taça xarope de violetas e nesta garrafa o resto da limonada de que o Sr. Noirtier e Barrois beberam uma parte. Se a limonada for pura e inofensiva, o xarope conservará a sua cor; se a limonada estiver envenenada, o xarope tornar-se-á verde. Veja!

<< Página Anterior

pág. 769 (Capítulo 79)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 769

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069