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Capítulo 82: O assalto

Página 793
O vento de oeste trazia nas suas lufadas húmidas a lúgubre vibração das três pancadas.

Quando o som da última pancada se extinguiu, o conde julgou ouvir um ruído ligeiro do lado do gabinete. Esse primeiro ruído, ou antes esse primeiro rangido, foi seguido de segundo e depois de terceiro. Ao quarto, o conde sabia com que contar. Uma mão firme e experiente ocupava-se de cortar os quatro lados de uma vidraça com um diamante.

O conde sentiu bater mais rapidamente o coração. Por mais habituados que os homens estejam ao perigo e por melhor precavidos que se encontrem contra ele, compreendem sempre, pelo frémito do seu coração e pelo arrepio da sua carne, a enorme diferença que existe entre o sonho e a realidade, entre o projecto e a execução.

No entanto, Monte-Cristo fez apenas um sinal para prevenir Ali. Este, compreendendo que o perigo vinha do lado do gabinete, deu um passo para se aproximar do amo.

Monte-Cristo estava ansioso por saber com quais e com quantos inimigos teria de se haver.

A janela que estavam a arrombar ficava defronte da abertura por onde o conde via o gabinete. Os seus olhos fixaram-se portanto nessa janela. Viu uma sombra desenhar-se, mais densa, na escuridão; depois uma das vidraças tornou-se completamente opaca, como se lhe colassem da parte de fora uma folha de papel; finalmente, a vidraça estalou e separou-se sem cair.

Pela abertura praticada passou um braço, que procurou o fecho. Um segundo mais tarde a janela girou nos gonzos e entrou um homem.

O indivíduo vinha só.

- Ora aí está um patife audacioso... - murmurou o conde.

Neste momento sentiu que Ali lhe tocava suavemente no ombro.

Virou-se. Ali mostrava-lhe a janela do quarto onde estavam e que deitava para a rua.

Monte-Cristo deu três passos para a janela; conhecia a extraordinária delicadeza de sentidos do fiel servidor. Com efeito, viu outro homem afastar-se de uma porta, subir para um marco e parecer procurar ver o que se passava em casa do conde.

- Bom, são dois - disse. - Um actua e o outro vigia.

Fez sinal a Ali para não perder de vista o homem da rua e encarregou-se do do gabinete.

O cortador de vidros entrara e orientava-se, com os braços estendidos na sua frente.

Por fim, pareceu ter descoberto o que lhe interessava. Havia duas portas no gabinete; correu os ferrolhos de ambas.

Quando se aproximou da porta do quarto de dormir, Monte-Cristo julgou que ele fosse entrar e preparou uma das pistolas; mas ouviu simplesmente o ruído do ferrolho a deslizar nos seus anéis de cobre. Tratava-se de uma mera precaução.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 793

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069