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Capítulo 82: O assalto

Página 792

Estava tudo às escuras; apenas ardia uma luz fraca no cubículo do porteiro, distante da casa uns quarenta passos, como dissera Baptistin.

Monte-Cristo encostou-se a uma árvore e, com aquele seu olhar que se enganava tão raramente, sondou a dupla alameda examinou os transeuntes e percorreu com a vista as ruas vizinhas, a fim de ver se havia alguém emboscado. Ao cabo de dez minutos convenceu-se de que ninguém o espreitava.

Correu imediatamente com Ali para a portinha, entrou num ápice e, pela escada de serviço, de que tinha a chave, entrou no seu quarto de dormir sem abrir ou mexer num só reposteiro e sem que o próprio porteiro pudesse suspeitar que na casa que julgava vazia se encontrava o seu principal habitante.

Chegado ao quarto de dormir, o conde fez sinal a Ali para se deter e em seguida entrou no gabinete de vestir, que examinou. Estava tudo como de costume: a preciosa secretária no seu lugar e com a chave na fechadura. Fechou-a com duas voltas, guardou a chave, voltou à porta do quarto de dormir, retirou a escápula dupla do fecho e entrou.

Entretanto, Ali colocava em cima de uma mesa as armas que o conde lhe pedira, isto é, uma carabina curta e um par de pistolas duplas, cujos canos sobrepostos permitiam visar tão certeiramente como com pistolas de carreira de tiro. Assim armado, o conde tinha a vida de cinco homens nas mãos. Eram cerca de nove e meia. O conde e Ali comeram à pressa um bocado de pão e beberam um copo de vinho de Espanha. Depois, Monte-Cristo fez deslizar um dos painéis móveis que lhe permitiam ver de uma divisão para outra. Tinha ao seu alcance as pistolas e a carabina, e Ali, de pé, junto dele, empunhava uma dessas machadinhas árabes que não mudaram de forma desde as cruzadas.

Por uma das janelas do quarto de dormir, paralela à do gabinete, o conde podia ver a rua.

Passaram-se assim duas horas. Reinava a escuridão mais profunda, mas no entanto, Ali, graças à sua natureza selvagem, e o conde, graças sem dúvida a uma qualidade adquirida, distinguiam na noite até as mais fracas oscilações das árvores do pátio.

Havia muito tempo que a luz do cubículo do porteiro se apagara.

Era de presumir que o ataque - se realmente havia um ataque projectado - se efectuasse pela escada do rés-do-chão e não por uma janela. No entender de Monte-Cristo, os malfeitores queriam a sua vida e não o seu dinheiro. Seria portanto o seu quarto de dormir que atacariam, e conseguiriam lá chegar quer através da escada oculta, quer através da janela do gabinete.

Colocou Ali diante da porta da escada e continuou a vigiar o quarto de vestir.

Deram onze horas e três quartos no relógio dos Inválidos.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 792

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069