Deu uma hora nos Inválidos.
Então, Caderousse pôs-se a cavalo no muro e, puxando a escada para si, passou-a por cima do muro e em seguida desceu, ou antes, deixou-se escorregar ao longo dos dois montantes, manobra que executou com uma destreza que provava que estava habituado àquele exercício.
Mas uma vez lançado no declive não pôde parar. Em vão viu um homem sair da sombra no momento em que estava a meio caminho; em vão viu um braço erguer-se no momento em que chegava ao chão: antes de poder pôr-se em guarda, esse braço feriu-o tão furiosamente nas costas que largou a escada e gritou:
- Socorro! Recebeu quase imediatamente segundo golpe no flanco e caiu gritando.
- Assassino! Por fim, como rolasse pelo chão, o seu adversário agarrou-o pelos cabelos e deu-lhe terceiro golpe no peito.
Desta vez, Caderousse ainda quis gritar, mas não pôde soltar mais do que um gemido e deixou correr, arquejando, os três regatos de sangue que lhe saíam dos três ferimentos.
Vendo que ele já não gritava, o assassino levantou-lhe a cabeça pelos cabelos. Caderousse tinha os olhos fechados e a boca torcida. O assassino julgou-o morto, deixou cair a cabeça e desapareceu.
Então, Caderousse, sentindo-o afastar-se, ergueu-se num cotovelo e, numa voz moribunda, gritou num esforço supremo:
- Assassino! Morro! A mim, Sr. Abade, a mim! Este lúgubre apelo trespassou a escuridão da noite. A porta da escada oculta abriu-se, em seguida a portinha do jardim, e Ali e o amo acorreram com luzes.