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Capítulo 83: A mão de Deus

Página 802

- Oh, então que venha alguém a quem possa denunciar o miserável!

- Quer que escreva a sua declaração? Assiná-la-á?

- Sim... sim... - disse Caderousse, cujos olhos brilhavam à ideia daquela vingança póstuma.

Monte-Cristo escreveu:

«Morro assassinado pelo corso Benedetto, meu companheiro de grilheta em Toulon com o n.º 59.»

- Despache-se! Despache-se! - insistiu Caderousse. – Desconfio que já não conseguirei assinar.

Monte-Cristo apresentou a pena a Caderousse, que, reunindo forças, assinou e voltou a cair na cama, dizendo:

- O senhor contará o resto, Sr. Abade. Dirá que se faz passar por Andrea Cavalcanti, que está hospedado no Hotel dos Príncipes, que... Ah, ah, meu Deus, meu Deus! Agora é que morro! E Caderousse desmaiou pela segunda vez.

O abade fê-lo respirar o conteúdo do frasco; o ferido reabriu os olhos.

- O seu desejo de vingança não o abandonara durante o desmaio.

- Dirá tudo isto, não é verdade, Sr. Abade?

- Sim, tudo isso e muitas outras coisas mais.

- Que dirá?

- Direi que sem dúvida lhe deu a planta desta casa na esperança de que o conde o matasse. Direi que prevenira o conde por meio de um bilhete. Direi que o conde estava ausente, que fui eu que recebi o bilhete e resolvi esperá-lo.

- E ele será guilhotinado, não é verdade? - perguntou Caderousse. - Será guilhotinado, promete-me? Morro com essa esperança, isso ajudar-me-á a morrer.

- Direi continuou o conde - que ele chegou atrás de si e que o espreitou durante todo o tempo; que quando o viu sair correu à esquina do muro e escondeu-se.

- Quer dizer que o senhor viu tudo isso?

- Lembre-se das minhas palavras: «Se regressares a casa são e salvo, acreditarei que Deus te perdoou e perdoar-te-ei também.»

- E não me avisou?! - gritou Caderousse, tentando levantar-se num cotovelo. - Sabia que ia ser morto quando saísse daqui e não me avisou!

- Não, porque na mão de Benedetto via a justiça de Deus e julgaria cometer um sacrilégio opondo-me às intenções da Providência.

- A justiça de Deus! Não me fale disso, Sr. Abade. Se houvesse uma justiça de Deus, sabe melhor do que ninguém que há pessoas que seriam castigadas e não o são.

- Paciência! - disse o abade num tom que fez estremecer o moribundo. - Paciência!

Caderousse olhou-o com espanto.

- E depois - prosseguiu o abade - Deus está cheio de misericórdia para todos, e também para ti. É pai antes de ser juiz.

- Ah! O senhor acredita portanto em Deus? - perguntou Caderousse.

- Se tivesse a desgraça de não ter acreditado nele até agora, acreditaria ao ver-te - respondeu Monte-Cristo.

Caderousse ergueu os punhos crispados ao céu.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 802

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069