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Capítulo 86: O julgamento

Página 823

- Mas quem os informou tão bem? - perguntou. - Porque o meu jornal, que levantou a lebre, viu-se obrigado a abster-se por falta de provas, e no entanto temos mais interesse do que vocês em denunciar o Sr. de Morcerf, que é par de França, enquanto nós estamos na oposição.

- Oh, meu Deus, é muito simples! Não corremos atrás do escândalo; ele é que veio ao nosso encontro. Ontem chegou-nos um homem de Janina, trazendo consigo o formidável processo e, como hesitássemos em nos lançar no caminho da acusação, anunciou-nos que, se recusássemos, o artigo seria publicado noutro jornal. Você sabe, Beauchamp, o que é uma notícia importante; não quisemos perder essa. Agora os dados estão jogados; o caso é terrível e repercutir-se-á até aos confins da Europa.

Beauchamp compreendeu que a única coisa a fazer era dar-se por vencido e saiu precipitadamente para enviar um mensageiro a Morcerf.

Mas o que não pudera mandar dizer a Albert, pois o que vamos contar aconteceu depois da partida do seu mensageiro, fora que no mesmo dia se manifestara grande agitação na Câmara dos Pares, agitação que se apoderara por completo dos grupos, habitualmente tão calmos, da alta assembleia. Todos tinham chegado quase antes da hora e falavam do sinistro acontecimento que iria ocupar a atenção pública e fixá-la num dos membros mais conhecidos da ilustre corporação.

Lia-se em voz baixa o artigo e trocavam-se comentários e recordações, que precisavam ainda mais os factos. O conde de Morcerf não era estimado pelos seus colegas. Como todos os arrivistas, vira-se obrigado, para se manter na sua posição, a observar um excesso de altivez. Os grandes aristocratas riam-se dele; os talentos da república, as glórias puras, desprezavam-no instintivamente. O conde encontrava-se na situação desagradável de bode expiatório. Uma vez designado pelo dedo do Senhor para o sacrifício, todos se preparavam para lhe cair em cima.

O único que não sabia de nada era o conde de Morcerf. Não recebia o jornal onde vinha a notícia difamatória e passara a manhã a escrever cartas e a experimentar um cavalo.

Chegou portanto à hora habitual, de cabeça erguida, olhar altivo e atitude insolente, desceu da carruagem, percorreu os corredores e entrou na sala sem notar as hesitações dos contínuos e os meios cumprimentos dos colegas.

Quando Morcerf entrou, a sessão estava já aberta havia mais de meia hora.

Embora o conde, ignorando, como dissemos, tudo o que se passara, em nada tivesse modificado o seu ar e a sua atitude, tanto um como a outra pareceram a todos mais orgulhosos do que de costume, e a sua presença naquela ocasião de tal modo agressiva à assembleia, ciosa da sua honra, que todos viram nisso uma inconveniência, vários uma bravata e alguns um insulto.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 823

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069