O Conde de Monte Cristo - Cap. 86: O julgamento Pág. 828 / 1080

Essa testemunha, não duvidamos disso depois de tudo o que nos disse o conde, provará a perfeita inocência do nosso colega. Eis a carta que acabo de receber a tal respeito. Desejam que lhes seja lida ou decidem prosseguir sem que nos detenhamos neste incidente?

»O Sr. de Morcerf empalideceu e crispou as mãos nos papéis que segurava e que lhe rangeram nos dedos.

»A resposta da comissão foi pela leitura. Quanto ao conde, estava pensativo e não tinha qualquer opinião a emitir.

»O presidente leu portanto a seguinte carta: "Sr. Presidente: Posso fornecer à comissão de inquérito encarregada de examinar a conduta no Epiro e na Macedónia do Sr. Tenente-general Conde de Morcerf as informações mais positivas."

»O presidente fez uma curta pausa.

»O conde de Morcerf empalideceu. O presidente interrogou os ouvintes com a vista.

»- Continue! - gritaram de todos os lados.

»O presidente prosseguiu: "Encontrava-me presente aquando da morte de Ali-Paxá; assisti aos seus últimos momentos; sei o que foi feito de Vasiliki e Haydée; estou ao dispor da comissão e reclamo mesmo a honra de me fazer ouvir.

Encontro-me no vestíbulo da Câmara no momento em que lhe envio esta carta."

«- E quem é essa testemunha, ou antes esse inimigo? - perguntou o conde numa voz em que era fácil notar profunda alteração.

»- Vamos sabê-lo, senhor - respondeu o presidente. - A comissão concorda em ouvir a testemunha?

»- Sim, sim! - responderam ao mesmo tempo todas as vozes.

»Chamou-se um contínuo.

»- Contínuo - perguntou o presidente -, está alguém à espera no vestíbulo?

»- Está, sim, Sr. Presidente.

«- Quem?

»- Uma mulher acompanhada de um criado.

»Todos se entreolharam.

»- Mande entrar essa mulher - ordenou o presidente.

»Passados cinco minutos, o contínuo reapareceu. Todos os olhos estavam fixos na porta, e eu próprio - disse Beauchamp compartilhava a expectativa e a ansiedade gerais.

»Atrás do contínuo vinha uma mulher envolta num grande véu, que a cobria por completo. No entanto, adivinhava-se, pelas formas que o véu deixava transparecer e pelo perfume que ela exalava, a presença de uma mulher nova e elegante, mas mais nada.

»O presidente pediu à desconhecida que tirasse o véu e então todos viram que a mulher estava vestida à grega. Além disso, era de extraordinária beleza.»

- Ah, era ela! - exclamou Morcerf

- Ela, quem?

- Sim, Haydée.

- Quem lhe disse?

- Adivinho-o. Mas continue, Beauchamp, peço-lhe. Como vê, estou calmo e forte. E no entanto devemos estar a aproximar-nos do fim.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069