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Capítulo 89: A Noite

Página 850

Era a carta de Danglars ao procurador régio que no dia em que pagara os duzentos mil francos ao Sr. de Boville o conde de Monte-Cristo, disfarçado de mandatário da casa de Thomson & French, subtraíra do processo de Edmond Dantès.

Mercédès leu aterrada as seguintes linhas:

O Sr. Procurador Régio é avisado por um amigo do trono e da religião de que um tal Edmond Dantès, imediato do navio Pharaon, chegado esta manhã de Esmirna depois de escalar Nápoles e Porto Ferraio, foi encarregado por Murat de entregar uma carta ao usurpador e pelo usurpador de entregar outra carta ao comité bonapartista de Paris.

Ter-se-á a prova do seu crime prendendo-o, pois encontrar-se-á essa carta com ele ou em casa do pai, ou no seu camarote a bordo do Pharaon

- Oh, meu Deus! - exclamou Mercédès, passando a mão pela testa coberta de suor. - E esta carta...

- Comprei-a por duzentos mil francos, minha senhora - respondeu Monte-Cristo. - Mas foi bom negócio, pois permite-me hoje justificar-me aos olhos da senhora.

- E o resultado desta carta?

- Sabe-o muito bem, minha senhora: foi a minha prisão. Mas o que não sabe, minha senhora, foi o tempo que a minha prisão durou. O que a senhora não sabe é que fiquei catorze anos a um quarto de légua de si, numa cela do Castelo de If. O que a senhora não sabe é que em cada dia desses catorze anos renovei o voto de vingança que fizera no primeiro dia, embora então ignorasse que a senhora casara com Fernand, meu denunciante, e que o meu pai morrera e morrera de fome!

- Santo Deus! - exclamou Mercédès, cambaleando.

- Mas foi tudo isto que soube quando saí da prisão, catorze anos depois de lá ter entrado, e foi isto que me levou a jurar, por Mercédès viva e pelo meu pai morto, vingar-me de Fernand... e vingo-me!

- E tem a certeza de que o desventurado Fernand fez isso?

- Juro-lhe pela minha alma, senhora, que fez como acabo de lhe dizer. De resto, isso não é muito mais odioso do que, sendo francês de adopção, ter-se passado para os Ingleses; espanhol de nascimento, ter combatido contra os Espanhóis; estipendiário de Ali, tê-lo traído e assassinado. Perante isto, que vale a carta que acaba de ler? Não passa de uma mistificação galante que deve perdoar, reconheço-o e compreendo-o, a mulher que casou com esse homem, mas que não perdoa o apaixonado que havia de casar com ela.

»Pois bem, os Franceses não se vingaram do traidor, nem os Espanhóis o fuzilaram, e Ali, na sua sepultura, deixou a traição impune. Mas eu, traído, assassinado, lançado também numa sepultura, eu saí dessa sepultura pela graça de Deus e devo a Deus poder-me vingar. Deus enviou-me para isso e aqui estou.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 850

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069