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Capítulo 91: A mãe e o filho

Página 867

- Que queres? - perguntou-lhe Albert, em tom mais triste do que irritado.

- Perdão, senhor - disse o criado de quarto. - De facto o senhor proibiu-me de o incomodar, mas o Sr. Conde de Morcerf mandou-me chamar...

- E então? - perguntou Albert.

- Não quis ir aos aposentos do Sr. Conde sem ordem do senhor...

- Porquê?

- Porque o Sr. Conde sabe decerto que acompanhei o senhor ao local do duelo.

- É provável - admitiu Albert.

- E se me manda chamar é com certeza para me interrogar acerca do que se passou no bosque. Que devo responder?

- A verdade.

- Então direi que o duelo não se realizou?

- Dirás que apresentei desculpas ao Sr. Conde de Monte-Cristo. Vai.

O criado inclinou-se e saiu.

Albert dedicara-se então ao inventário.

Quando concluía este trabalho, chamou-lhe a atenção o ruído de cavalos no pátio e de rodas de uma carruagem que faziam estremecer os vidros. Aproximou-se da janela e viu o pai meter-se na sua caleça e partir.

Mal o portão do palácio se voltou a fechar atrás do conde, Albert dirigiu-se para os aposentos da mãe e, como não houvesse ninguém para o anunciar, penetrou até ao quarto de cama de Mercédès, à porta do qual parou com o coração amargurado pelo que via e pelo que adivinhava.

Como se a mesma alma animasse aqueles dois corpos, Mercédès fazia nos seus aposentos o que Albert acabara de fazer nos seus. Estava tudo em ordem as rendas, os adereços, as jóias, as roupas e o dinheiro alinhavam-se nas gavetas nas quais a condessa punha cuidadosamente as chaves.

Albert viu todos aqueles preparativos; compreendeu-os e gritando “Minha mãe!” correu a lançar os braços ao pescoço de Mercédès.

O pintor que conseguisse captar a expressão daqueles dois rostos faria sem dúvida um belo quadro.

Com efeito, todo aquele ambiente de uma resolução enérgica que não atemorizara Albert pelo que lhe dizia respeito, assustava-o pela mãe.

- Que está a fazer? - perguntou.

- E tu? - respondeu ela.

- Oh, minha mãe, não pode seguir o meu exemplo! - gritou Albert, comovido a ponto de quase não poder falar. - Não, a senhora não pode ter resolvido o que resolvi, pois venho comunicar-lhe que digo adeus à sua casa e... e a Si.

- Também eu, Albert - respondeu Mercédès. - Também eu parto. Contara, confesso, que o meu filho me acompanhasse... Enganei-me?

- Minha mãe - declarou Albert com firmeza -, não posso fazê-la compartilhar o futuro que me destino. Daqui em diante terei de viver sem nome e sem fortuna; terei, para começar a aprendizagem dessa dura existência, de pedir a um amigo o pão que comerei daqui até ao momento em que ganharei outro.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 867

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069