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Capítulo 12: Pai e Filho

Página 87

- Claro - concordou Noirtier, olhando despreocupadamente à sua volta. - Claro, se esse homem não estivesse precavido, mas está. E - acrescentou sorrindo - vai mudar de cara e de traje.

Após estas palavras, levantou-se, tirou a sobrecasaca e a gravata, dirigiu-se para uma mesa na qual estavam preparadas todas as peças do necessário à toilette do filho, pegou numa navalha de barba, ensaboou a cara e com a mão perfeitamente firme cortou as suíças comprometedoras que davam à Polícia uma pista tão preciosa. Villefort assistia a tudo com um terror que não era isento de admiração.

Cortadas as suíças, Noirtier deu outro arranjo ao cabelo; pôs, em vez da gravata preta, uma gravata de cor que se via à superfície de uma mala aberta; envergou, em vez da sobrecasacaazul abotoada, uma sobrecasaca de Villefort, castanha e ampla; experimentou diante do espelho o chapéu de abas reviradas do filho, pareceu satisfeito com a maneira como lhe ficava e, deixando a bengala de bambu no canto da chaminé onde alargara, fez silvar na mão nervosa um pingalinzinho com o qual o elegante substituto dava aos seus passos a desenvoltura que era uma dassuas principais qualidades.

- Pronto! disse virando-se para o filho, estupefacto, quando esta espécie de metamorfose à vista se consumou. - Pronto! Achas que a Polícia me reconhecerá agora?

- Não, meu pai - balbuciou Villefort. - Pelo menos assim o espero.

- Agora, meu caro Gérard - continuou Noirtier -, recorro à tua prudência para fazer desaparecer todos os objectos que deixo à tua guarda.

- Oh, esteja tranquilo, meu pai! - respondeu Villefort

- Sim, sim! E agora creio que tens razão e que podes, com efeito, ter-me salvado a vida. Mas descansa que te retribuirei o favor proximamente.

Villefort abanou a cabeça.

- Não acreditas?

- Espero, pelo menos, que se engane.

- Tornarás a ver o rei?

- Talvez.

- Queres passar a seus olhos por um profeta?

- Os profetas da desgraça são mal vistos na corte, meu pai.

- Pois sim, mas mais dia menos dias far-lhes-ão justiça. E na hipótese de segunda restauração passarás por um grande homem.

- Bom, que devo dizer ao rei?

- Diz-lhe isto: «Sire, enganam-no acerca das disposições da França, da opinião das cidades e do espírito do Exército. Aquele que chamam em Paris o papão da Córsega, a quem chamam ainda o usurpador em Nevers, chama-se já Bonaparte em Lião e imperador em Crenoble. Julga-o acossado, perseguido, em fuga; ele avança com a rapidez da águia que é o seu símbolo. Os soldados que julga mortos de fome, esmagados de fadiga, prontos a desertar, aumentam como os átomos de neve à volta da bola que se precipita.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 87

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069