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Capítulo 12: Pai e Filho

Página 88
Sire, parta; abandone a França ao seu verdadeiro senhor, àquele que não a comprou, mas a conquistou. Parta, Sire, não porque corre qualquer perigo - o seu adversário é bastante forte para ser clemente -, mas sim porque seria humilhante para um neto de S. Luís dever a vida ao homem de Arcole, Marengo e Austerlitz.» Diz-lhe isto, Gérard, ou antes, não digas nada. Oculta a tua viagem; não te gabes do que vieste fazer e do que fizeste em Paris; retoma a posta; se queimaste o caminho para vir, devora o espaço para regressar, reentra em Marselha de noite; penetraem tua casa por uma porta das traseira e deixa-te lá ficar muito quietinho, muito apagado, muito escondido e sobretudo muito inofensivo, porque desta vez, juro-te, agiremos como pessoas enérgicas e que conhecem os seus inimigos. Vai, meu filho; vai, meu caro Gérard, e mediante esta obediência às ordens paternas ou, se preferires, a deferência para com os conselhos de um amigo, manter-te-emos no teu lugar. Será – acrescentou Noirtier sorrindo - uma maneira de me salvares segunda vez se a báscula política te recolocar um dia em cima e a mim em baixo. Adeus, meu caro Gérard. Na tua próxima viagem hospeda-te em minha casa.

E, ditas estas palavras, Noirtier saiu com a tranquilidade que não o deixara um instante enquanto durara aquela conversa tão difícil.

Villefort, pálido e agitado, correu à janela, entreabriu a cortina e viu-o passar calmo e impassível pelo meio de dois ou três homens de má catadura, emboscados ao canto dos marcos e à esquina das ruas, que talvez estivessem ali para prender o homem das suíças pretas, da sobrecasaca azul e do chapéu de abas largas.

Villefort permaneceu assim, de pé e arquejante, até o pai desaparecer no cruzamento da Rua de Bussy. Então, correu para os objectos abandonados por ele, meteu no mais profundo da mala agravata preta e a sobrecasaca azul, torceu o chapéu que escondeu na parte de baixo de um armário, partiu a bengala de bambu em três bocados que lançou ao lume, pôs um boné de viagem, chamou o criado de quarto, proibiu-lhe com um olhar as mil perguntas que tinha vontade de fazer, pagou a conta do hotel e saltou para asua carruagem, que o esperava pronta a partir. Soube em Lião que Bonaparte acabava de entrar em Grenoble e, no meio da agitação que reinava ao longo de toda a estrada, chegou a Marselha dominado por todas as angústias que entram no coração do homem com a ambição e as primeiras honras.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 88

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069