O Conde de Monte Cristo - Cap. 93: Valentine Pág. 882 / 1080

As duas mulheres entraram com essa espécie de rigidez oficial que faz pressagiar uma comunicação.

Entre pessoas do mesmo nível social, um pequeno cambiante é imediatamente notado. A Sr.ª de Villefort correspondeu àquela solenidade com igual solenidade.

Nesse momento entrou Valentine, e as reverências recomeçaram.

- Cara amiga - disse a baronesa, enquanto as duas jovens davam as mãos -, venho com Eugénie anunciar-lhe em primeira mão o próximo casamento da minha filha com o príncipe Cavalcanti.

Danglars mantivera o título de príncipe. O banqueiro popular achara que isso era melhor do que conde.

- Então, permita que lhe dê os meus sinceros parabéns respondeu a Sr.ª de Villefort. - O Sr. Príncipe Cavalcanti parece-me um rapaz cheio de raras qualidades.

- Bom - disse a baronesa, sorrindo -, falando como amigas, devo dizer-lhe que o príncipe não nos parece ser ainda o que será. Há nele um pouco dessa extravagância que nos permite a nós, Franceses, reconhecer ao primeiro olhar um gentil-homem italiano ou alemão. No entanto, revela um excelente coração, muita delicadeza de espírito, e quanto a vantagens, o Sr. Danglars afirma que a sua fortuna é majestosa; é esta a sua palavra.

- Além disso - interveio Eugénie, folheando o álbum da Sr.ª de Villefort -, acrescente, minha senhora, que tem uma inclinação muito especial por esse rapaz.

- Claro que escuso de lhe perguntar se partilha essa inclinação... - insinuou a Sr.ª de Villefort.

- Eu?! - respondeu Eugénie com a sua habitual altivez. - Oh, de modo nenhum, minha senhora! A minha vocação era não me acorrentar aos cuidados de um lar ou aos caprichos de um homem, fosse qual fosse. A minha vocação era ser artista e consequentemente livre de coração, de corpo e de pensamento.

Eugénie pronunciou estas palavras em tom tão vibrante e firme que o rubor subiu à cara de Valentine. A tímida rapariga não podia compreender aquela natureza enérgica, que parecia não possuir nenhum dos complexos da mulher.

- De resto - continuou Eugénie -, já que o meu destino é casar, quer queira, quer não, devo agradecer à Providência ter-me ao menos proporcionado os desdéns do Sr. Albert de Morcerf, sem essa Providência, seria hoje a mulher de um homem desonrado.

- É de facto assim - confirmou a baronesa, com a estranha ingenuidade que se encontra por vezes nas grandes damas e que o convívio rotineiro lhes não consegue fazer perder por completo. - Sem essa hesitação dos Morcerfs, a minha filha casaria com o Sr. Albert. O general fazia muito empenho no casamento e até veio pressionar o Sr. Danglars. Escapámos de boa!





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069