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Capítulo 94: A confissão

Página 892

Avrigny continuou a fitar Noirtier. Viu os olhos do velho dilatarem-se e arregalarem-se, as faces tornarem-se-lhe lívidas e tremer; o suor perlou-lhe a testa.

- Ah! - exclamou involuntariamente o médico, seguindo a direcção do olhar de Noirtier, isto é, pousando os olhos na Sr.ª de Villefort, que repetia:

- Esta pobre criança estará melhor na cama. Venha, Fanny, vamos deitá-la.

O Sr. de Avrigny, que via nesta proposta um meio de ficar só com Noirtier acenou com a cabeça a significar que era efectivamente o melhor que havia a fazer, mas proibiu que a doente tomasse fosse o que fosse sem ele ordenar.

Levaram Valentine, que recuperara os sentidos, mas que se encontrava incapaz de agir e quase de falar, de tal modo tinha os membros quebrados pelo abalo que acabava de experimentar.

No entanto, ainda teve forças para se despedir com a vista do avô, a quem pareciam arrancar a alma levando-a.

Avrigny seguiu a doente, receitou e ordenou a Villefort que se metesse num cabriolé e fosse pessoalmente à farmácia mandar preparar na sua presença as poções prescritas, as trouxesse ele mesmo e o esperasse no quarto da filha.

Em seguida, depois de renovar a ordem de nada deixarem tomar a Valentine, voltou a descer aos aposentos de Noirtier, fechou cuidadosamente as portas e disse, depois de se assegurar que ninguém os escutava:

- Vejamos, sabe alguma coisa acerca da doença da sua neta?

- Sei - respondeu o velho.

- Ouça, não temos tempo a perder. Vou interrogá-lo e o senhor vai-me responder.

Noirtier fez sinal de que estava pronto para isso.

- Previu o acidente que aconteceu hoje a Valentine?

- Previ.

Avrigny reflectiu um instante e acrescentou, aproximando-se deNoirtier:

- Perdoe-me o que lhe vou dizer, mas nenhum indício deve ser esquecido na situação terrível em que nos encontramos. Viu morrer o pobre Barrois?

Noirtier ergueu os olhos ao céu.

- Sabe de que morreu? - perguntou Avrigny, pousando a mão no ombro de Noirtier.

- Sei - respondeu o velho.

- Acha que a sua morte foi natural?

Qualquer coisa como um sorriso esboçou-se nos lábios inertes de Noirtier.

- Nesse caso, ocorreu-lhe a ideia de Barrois ter sido envenenado?

- Sim.

- Parece-lhe que o veneno que o vitimou lhe era destinado?

- Não.

- E agora acha que tenha sido a mesma mão que feriu Barrois, embora querendo atingir outra pessoa a que feriu hoje Valentine?

- Sim.

- Ela vai portanto sucumbir também? - perguntou Avrigny, fixando o seu olhar profundo em Noirtier.

E esperou o efeito desta frase no velho.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 892

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069