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Capítulo 95: O pai e a filha

Página 898
Sou rica, porque o senhor possui uma das maiores fortunas de França e porque sou sua filha única e o senhor não é tão teimoso como o são os pais da Porta Saint-Martin e da Gaieté, que deserdam as filhas por lhes não quererem dar netos. Aliás, a lei, previdente, tirou-lhe o direito de me deserdar, pelo menos por completo, tal como lhe tirou o poder de me obrigar a casar com o Sr. Fulano ou o Sr. Sicrano. Assim, bela, espirituosa, possuidora de algum talento, como dizem nas óperas cómicas, e rica... Mas é uma felicidade, senhor! Por que me chama desgraçada?

Danglars, vendo a filha sorridente e orgulhosa até à insolência, não pôde reprimir um gesto de brutalidade, acompanhado de alguns berros, mas mais nada. Debaixo do olhar interrogador da filha, diante daquele belo sobrolho negro, franzido pela interrogação, virou-se com prudência e acalmou-se imediatamente, domado pela mão de ferro da circunspecção.

- De facto, minha filha - respondeu com um sorriso -, és tudo o que te gabas de ser, excepto uma única coisa, minha filha. Não quero porém dizer-te qual demasiado bruscamente; prefiro deixar-te adivinha-la...

Eugénie olhou Danglars, muito surpreendida por lhe contestarem um dos florões da coroa de orgulho que acabava de colocar tão soberbamente na cabeça.

- Minha filha - continuou o banqueiro -, explicaste-me perfeitamente quais eram os sentimentos que presidiam às resoluções de uma jovem como tu quando decidia não se casar. Agora é a altura de te dizer quais são os motivos de um pai como eu quando decide que a filha se casará.

Eugénie inclinou-se, não como filha submissa que escuta, mas sim como adversária prestes a discutir que espera.

- Minha filha - prosseguiu Danglars -, quando um pai pede à filha que tome marido, tem sempre um motivo qualquer para desejar o casamento. Uns são dominados pela mania a que te referias há pouco, ou seja, a verem-se reviver nos netos. Não tenho essa fraqueza, começo por te dizer, pois as alegrias da família são-me quase indiferentes. Creio que posso confessar isto a uma filha que sei ser bastante filósofa para compreender esta indiferença e não a considerar um crime.

- Com certeza - declarou Eugénie. - Falemos com franqueza, senhor, prefiro isso.

- Oh, bem vês que, sem compartilhar, de modo geral, a tua simpatia pela franqueza, me submeto a ela quando creio que as circunstâncias a tal me convidam! - redarguiu Danglars. - Continuo, portanto.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 898

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069