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Capítulo 95: O pai e a filha

Página 899
Propus-te um marido, não por ti, porque na verdade não pensava por nada deste mundo em ti nesse momento (gostas da franqueza, pois aqui a tens, suponho), mas sim porque necessitava que pressionasses esse marido o mais depressa possível no sentido de participar em certas combinações comerciais que estou em vias de estabelecer neste momento.

Eugénie fez um gesto.

- E como tenho a honra de te dizer, minha filha, e não me deves querer mal por isso porque foste tu quem me obrigou a falar. É com pesar, como deves compreender, que entro nestas explicações aritméticas com uma artista como tu, que receia entrar no gabinete de um banqueiro porque pode deparar com impressões ou sensações desagradáveis ou antipoéticas.

»Mas fica sabendo, minha querida menina, que nesse gabinete de banqueiro, em que, apesar de tudo, te dignaste entrar anteontem para me pedir os mil francos que te dou todos os meses para os teus alfinetes, se aprendem muitas coisas proveitosas até às jovens que se não querem casar. Aprende-se, por exemplo, e em atenção para com a tua susceptibilidade nervosa explicar-to-ei neste salão, aprende-se, dizia, que o crédito de um banqueiro é a sua vida física e moral, que o crédito sustenta o homem tal como a respiração anima o corpo, e a tal respeito o Sr. de Monte-Cristo fez-me um dia um discurso que nunca mais esqueci. Aprende-se que à medida que o crédito desaparece o corpo se transforma em cadáver e que isso deve acontecer dentro de muito pouco tempo ao banqueiro que se honra de ser pai de uma filha tão forte em lógica.

Mas Eugénie, em vez de se curvar, reagiu ao golpe.

- Arruinado! - exclamou.

- Encontraste a expressão exacta, minha filha, a boa expressão -declarou Danglars, coçando o peito com as unhas e conservando nas feições rudes o sorriso de homem sem coração, mas não sem espírito. - Arruinado! É isso.

- Ah! - exclamou Eugénie.

- Sim, arruinado! Pronto, ei-lo portanto revelado esse segredo cheio de horror, como diz o poeta trágico.

»Agora, minha filha, ouve da minha boca como esta desgraça se pode tornar mais pequena para ti; não digo para mim, mas sim para ti.

- Oh, o senhor é mau fisionomista se imagina que é por mim que deploro a catástrofe que me expõe! - exclamou Eugénie.

»Eu arruinada! E que me importa? Não me resta o meu talento? Não posso, como a Pasta, como a Malibran ou como a Grisi, conseguir o que o senhor nunca me daria, fosse qual fosse a sua fortuna, isto é, cem ou cento e cinquenta mil libras de rendimento, que deverei unicamente a mim, e que, em vez de me chegarem às mãos como chegam esses pobres doze mil francos que o senhor me dá com olhares impertinentes e palavras de censura pela minha prodigalidade, me virão acompanhados de aclamações, de bravos e de flores?

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 899

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069