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Capítulo 96: O contrato

Página 909

Encontrou-o completamente cercado; os convidados disputavam-lhe as palavras, como acontece sempre com as pessoas que falam pouco e nunca dizem uma palavra sem valor.

Os notários entraram nesse momento e foram colocar os seus papéis garatujados em cima do veludo bordado a ouro que cobria a mesa preparada para a assinatura, mesa de madeira dourada.

Um dos notários sentou-se, o outro ficou de pé.

Ia-se proceder à leitura do contrato que metade de Paris, presente na solenidade, deveria assinar.

Cada um tomou o seu lugar, ou antes, as mulheres fizeram círculo, enquanto os homens, mais indiferentes no tocante ao estilo enérgico, como diz Boileau, comentavam a agitação febril de Andrea, a atenção do Sr. Danglars, a impassibilidadede Eugénie e a forma expedita e descontraída como a baronesa tratava aquele importante assunto.

O contrato foi lido no meio de profundo silêncio. Mas assim que a leitura terminou, o rumor recomeçou nos salões e a dobrar do que fora anteriormente. Aquelas importâncias avultadas, aqueles milhões rolando no futuro dos dois jovens e que vinham completar a exposição que se organizara, numa sala exclusivamente dedicada a esse fim, da corbelha da noiva e dos diamantes da jovem, tinham-se repercutido com todo o seu prestígio na invejosa assistência.

Os encantos de Mademoiselle Danglars eram por isso duplos aos olhos dos jovens e de momento ofuscavam o brilho do Sol.

Quanto às mulheres, escusado será dizer que, embora cobiçando aqueles milhões, não achavam precisar deles para serem belas.

Andrea, perseguido pelos amigos, cumprimentado, adulado, começando a acreditar na realidade do sonho em que vivia, Andrea estava prestes a perder a cabeça. O notário pegou solenemente na pena, ergueu-a acima da cabeça e disse:

- Meus senhores, vamos assinar o contrato.

O barão devia ser o primeiro a assinar, seguido do procurador do Sr. Cavalcanti pai, da baronesa e dos futuros cônjuges, como se diz no estilo abominável usado no papel selado.

O barão pegou na pena e assinou, e depois o procurador.

A baronesa aproximou-se pelo braço da Sr.ª de Villefort.

- Meu amigo - disse, pegando na pena -, não é desesperante? Um incidente inesperado, no caso, de assassínio e roubo, de que o Sr. Conde de Monte-Cristo esteve quase a ser vítima priva-nos da presença do Sr. de Villefort.

- Oh, meu Deus! - exclamou Danglars no mesmo tom em que diria: «Palavra que tudo isso me é absolutamente indiferente!»

- Meu Deus, receio muito ser a causa involuntária dessa ausência! - disse Monte-Cristo, aproximando-se.

- Como?... O senhor, conde? - admirou-se a Sr.ª Danglars, assinando. - Se é assim, acautele-se, porque nunca lhe perdoarei.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 909

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069