Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 97: A estrada da Bélgica

Página 915

Cortada a trança superior, Eugénie passou às das têmporas, que cortou sucessivamente, sem manifestar o mais pequeno pesar.

Pelo contrário, os seus olhos brilharam mais cintilantes e alegres ainda do que de costume debaixo das sobrancelhas negras como o ébano.

- Oh, o teu magnífico cabelo! - exclamou Louise, com pesar.

- Então não estou cem vezes melhor assim? - perguntou Eugénie, alisando as madeixas esparsas do penteado, agora muito masculino. - Não me achas mais bonita assim?

- Oh, tu és bonita, és sempre bonita! - exclamou Louise. - Agora para onde vamos?

- Para Bruxelas, se quiseres. É a fronteira mais próxima. De Bruxelas seguiremos para Liège e Aix-la-Chapelle, subiremos o reno até Estrasburgo, atravessaremos a Suíça e entraremos em Itália pelo Saint- Gothard. Concordas?

- Decerto.

- Para que estás a olhar?

- Para ti. Na verdade, estás adorável assim. Dir-se-ia que me vais raptar...

- Meu Deus, e não deixa de haver certa razão nisso!

- Mas não era o que me tinhas prometido, Eugénie?...

E as duas jovens, que toda a gente julgaria lavadas em lágrimas, uma por motivo próprio e a outra por dedicação à amiga, desataram a rir enquanto faziam desaparecer os vestígios mais visíveis da desordem que naturalmente acompanhara os preparativos da sua fuga.

Depois de apagarem as luzes, de olhos bem abertos, ouvido à escuta e pescoço estendido, as duas fugitivas abriram a porta de um quarto de vestir que dava para uma escada de serviço que descia até ao pátio. Eugénie caminhava à frente, segurando a mala com um braço, enquanto pela asa oposta Mademoiselle de Armilly mal a conseguia levantar com ambas as mãos.

O pátio estava vazio. Dava meia-noite. O porteiro ainda velava.

Eugénie aproximou-se muito devagarinho e viu o digno suíço a dormir ao fundo do cubículo, estiraçado na sua poltrona.

Voltou para junto de Louise, tornou a pegar na mala que por instantes pousara no chão, e ambas, seguindo a sombra projectada pela parede, alcançaram a abóbada.

Eugénie escondeu Louise no canto da porta, de maneira que, se por acaso o porteiro acordasse, só visse uma pessoa.

Depois, expondo-se pessoalmente à luz do candeeiro que iluminava o pátio, gritou na sua mais deliciosa voz de contralto, batendo no vidro:

- A porta! O porteiro levantou-se, como previra Eugénie, e deu até alguns passos para identificar a pessoa que saía. Mas vendo um rapaz que batia impacientemente nas calças com o pingalim, abriu imediatamente.

<< Página Anterior

pág. 915 (Capítulo 97)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 915

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069