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Capítulo 98: A estalagem do sino e da garrafa

Página 920

Existe em Compiègne uma excelente estalagem, de que se recordam mesmo aqueles que só lá ficaram uma vez.

Andrea, que lá se hospedara numa das suas excursões aos arredores de Paris, lembrava-se da Estalagem do Sino e da Garrafa. Orientou-se, viu à luz de um candeeiro a tabuleta indicadora e depois de mandar embora o garoto, a quem deu todo o dinheiro miúdo que trazia consigo, foi bater à porta da estalagem, pensando com muito bom-senso que tinha diante de si três ou quatro horas e que o melhor era precaver-se, mediante um bom sono e uma boa ceia, contra as fadigas futuras.

Foi um criado quem veio abrir.

- Meu amigo - disse Andrea -, venho de Saint- Jean-au-Bois, onde jantei, e contava apanhar a carruagem que passa à meia-noite; mas perdi-me como um estúpido e há quatro horas que percorro a floresta. Dê-me pois um desses bonitos quartos que deitam para o pátio e mande levar-me lá um frango frio e uma garrafa de vinho de Bordéus.

O criado não teve nenhuma suspeita: Andrea falava com a mais perfeita tranquilidade, de charuto na boca e com as mãos nas algibeiras do sobretudo. O seu traje era elegante, estava bem barbeado e as suas botas apresentavam-se impecáveis; tinha, quando muito, o ar de um habitante da terra retardatário.

Enquanto o criado lhe preparava o quarto, a estalajadeira levantou-se. Andrea acolheu-a com o seu mais encantador sorriso e perguntou-lhe se não poderia ficar no número 3, onde já pernoitara na sua última passagem por Compiègne.

Infelizmente, o número 3 estava ocupado por um rapaz que viajava com a irmã.

Andrea pareceu contrariado e só se conformou quando a estalajadeira lhe garantiu que o número 7, que lhe estavam a preparar, tinha absolutamente a mesma disposição que o número 3. Assim, esperou, aquecendo os pés e conversando acerca das últimas corridas de Chantilly, que lhe viessem anunciar que o quarto estava pronto.

Não fora sem motivo que Andrea falara dos bonitos quartos que davam para o pátio. De facto, o pátio da Estalagem do Sino, com a sua tripla fileira de galerias que lhe davam o ar de uma sala de espectáculos, com os seus jasmins e as suas clematites que subiam ao longo das suas colunatas, leves como uma decoração natural, era uma das mais encantadoras entradas de estalagem existentes no mundo.

O frango estava óptimo, o vinho era velho e o lume crepitava alegremente. Andrea surpreendeu-se a cear com tanto apetite como se nada tivesse acontecido.

Depois deitou-se e adormeceu quase imediatamente, num desses sonos implacáveis que o homem encontra sempre aos vinte anos, mesmo quando tem remorsos.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 920

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069