O Conde de Monte Cristo - Cap. 98: A estalagem do sino e da garrafa Pág. 925 / 1080

- Então, meus rapazes, parece que de facto o bandido se distanciou de nós esta manhã ao nascer do dia - respondeu o cabo. - Mas vamos mandar pessoal para as estradas de Villers-Cotterets e Noyon e revistar a floresta, onde sem dúvida nenhuma o apanharemos.

O respeitável funcionário acabava de proferir estas palavras com a intonação característica dos cabos de gendarmes, quando um longo grito de terror, acompanhado do toque repetido de uma campainha, soou no pátio da estalagem.

- Olá! Que é aquilo? - gritou o cabo.

- Ora aí está um viajante que parece cheio de pressa - comentou o estalajadeiro. - Em que número estão a tocar?

- No número 3.

- Corre, rapaz! Neste momento, os gritos e os toques de campainha aumentaram.

O criado desatou a correr.

- Não - disse o cabo, detendo o rapaz. - Quem toca parece pedir mais alguma coisa do que o criado e nós vamos mandar-lhe um gendarme. Quem está hospedado no número 3?

- O jovem que chegou esta noite com a irmã numa sege de posta e pediu um quarto com duas camas.

A campainha tocou terceira vez com uma insistência cheia de angústia.

- Vamos, Sr. Comissário! - gritou o cabo. - Siga-me o mais de perto possível.

- Um momento! - interveio o estalajadeiro. - Para o quarto número 3 há duas escadas: uma exterior e outra interior.

- Bom, irei pela interior - respondeu o cabo. - As carabinas estão carregadas?

- Estão, sim, cabo.

- Então, vigiem vocês o exterior e se ele tentar fugir, atirem-lhe. É um grande criminoso, segundo disse o telégrafo.

O cabo, seguido do comissário, desapareceu imediatamente na escada interior, acompanhado pelo sussurro que as suas revelações acerca de Andrea acabava de provocar na multidão.

Eis o que acontecera:

Andrea descera perfeitamente dois terços da chaminé, mas, chegado aí, o pé falhara-lhe e, apesar de se apoiar nas mãos, descera com mais velocidade e sobretudo com mais barulho do que desejaria. Isso não teria importância se o quarto estivesse vazio; mas, por infelicidade sua, estava ocupado.

Duas mulheres que dormiam na mesma cama tinham sido acordadas pelo barulho.

Os seus olhos estavam cravados no ponto donde viera o barulho e tinham visto aparecer um homem pela abertura da chaminé.

Fora uma das mulheres, a loura, que soltara o grito terrível que ecoara por toda a casa, enquanto a outra, que era morena, se agarrava ao cordão da campainha e dava o alarme, tocando com todas as suas forças.

Como se vê, Andrea estava em maré de azar.

- Por piedade! - gritou, pálido, desorientado, sem ver as pessoas a quem se dirigia. - Por piedade, não chamem, salvem-me! Não lhes quero fazer mal.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069