Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 13: Os Cem Dias

Página 93

- É assim em todos os tempos, meu caro Sr. Morrel. Os governos seguem-se e assemelham-se. A máquina penitenciária montada no reinado de Luís XIV ainda hoje funciona, exceptuando a Bastilha. O imperador tem sido sempre mais rigoroso com o regulamento das suas prisões do que foi o próprio grande rei, e o número de encarcerados de que não há vestígios nos registos é incalculável.

Tanta benevolência teria até desfeito certezas, e Morrel nem sequer tinha suspeitas.

- Mas então, Sr. de Villefort, que conselho me daria para abreviar o regresso do pobre Dantès?

- Apenas um, senhor: faça uma petição ao ministro da justiça.

- Oh, senhor, todos nós sabemos o que acontece às petições!... O ministro recebe duzentas por dia e nem sequer lê quatro.

- Sim - admitiu Villefort -, mas lerá uma petição enviada por mim, informada por mim, recomendada directamente por mim.

- E o senhor encarregar-se-ia de fazer chegar essa petição?

- Com o maior prazer. Dantès podia ser culpado então, mas hoje está inocente e tenho o dever de fazer restituir a liberdade àquele que foi meu dever meter na prisão.

Villefort, precavia-se assim do perigo de um inquérito pouco provável, mas possível, um inquérito que o perderia irremediavelmente.

- Mas como se escreve ao ministro?

- Sente-se aqui, Sr. Morrel - disse Villefort, cedendo o seu lugar ao armador. - Vou-lhe ditar.

- Terá essa bondade?

- Sem dúvida. Não percamos tempo. Já perdemos demasiado.

- Sim, senhor. Lembremo-nos que o pobre rapaz espera, sofre e desespera talvez.

Villefort estremeceu à ideia daquele prisioneiro amaldiçoando-o no silêncio e nas trevas. Mas fora já demasiado longe para recuar. Dantès devia ser esmagado pelas engrenagens da sua ambição.

- Pronto, senhor - disse o armador, sentado na poltrona de Villefort com uma pena na mão.

Villefort ditou então uma petição em que, como nada tinha a recear, exagerava o patriotismo de Dantès e os serviços por ele prestados à causa bonapartista. Nessa petição, Dantès era transformado num dos agentes mais activos do regresso de Napoleão. Era evidente que, ao ver semelhante documento, o ministro se apressaria a fazer imediatamente justiça, se justiça ainda não fora feita.

Terminada a petição, Villefort releu-a em voz alta.

- É isto mesmo. E agora confie em mim.

- E a petição partirá brevemente, senhor?

- Hoje mesmo.

- Informada por si?

- A melhor informação que posso dar, senhor, é certificar veracidade de tudo o que diz na petição.

E Villefort sentou-se por seu turno e escreveu num canto dapetição o seu certificado.

- E agora, senhor, que mais é preciso fazer? - perguntou Morrel.

- Esperar - respondeu Villefort. - Respondo por tudo.

<< Página Anterior

pág. 93 (Capítulo 13)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 93

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069