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Capítulo 103: Maximilien

Página 954

Esse grito saiu por assim dizer de todos os poros, no seu mutismo, pungente no seu silêncio.

Avrigny precipitou-se para o velho e fê-lo respirar um forte revulsivo.

- Senhor - gritou então Morrel, pegando na mão inerte do paralítico -, não me pergunte quem sou e que direito tenho de estar aqui! Meu Deus, vós que o sabeis. dizei-lho, dizei-lho!

E a voz do rapaz extinguiu-se em soluços. Quanto ao velho, a respiração arquejante sacudia-lhe o peito. Dir-se-ia dominá-lo uma dessas agitações que precedem a agonia.

Por fim, as lágrimas brotaram dos olhos de Noirtier, mais feliz do que o jovem, que soluçava sem chorar. Como não podia inclinar a cabeça, fechou os olhos.

- Dizei-lhe - continuou Morrel em voz estrangulada -, dizei-lhe que era seu noivo; dizei-lhe que ela era a minha nobre amiga, o meu único amor na Terra; dizei-lhe... dizei-lhe que este cadáver me pertence! E o jovem, dando o terrível espectáculo de uma grande força que se quebra, caiu pesadamente de joelhos diante daquela cama, que os seus dedos crispados apertaram com violência.

Aquela dor era tão pungente que Avrigny se virou para ocultar a sua emoção e Villefort, sem pedir mais explicações, atraído pelo magnetismo que nos impele para aqueles que amaram os que choramos, estendeu a mão ao jovem.

Mas Morrel não via nada. Pegara na mão, gelada de Valentine, e como não conseguia chorar, mordia os lençóis rugindo.

Durante algum tempo só se ouviu no quarto a luta dos soluços, das imprecações e das preces. E no entanto um ruído dominava todos eles: a respiração rouca e dilacerante, que parecia, a cada tomada de ar, quebrar um dos órgãos vitais do peito de Noirtier.

Por fim, Villefort, o mais senhor de si de todos, depois de ter por assim dizer cedido durante algum tempo o seu lugar a Maximilien, tomou a palavra.

- Senhor, diz que amava Valentine, que era seu noivo. Ignorava esse amor, assim como ignorava esse compromisso. E no entanto, eu, seu pai, perdoo-lhe, pois vejo que a sua dor é grande, real, verdadeira. Aliás, em minha casa a dor é demasiado grande para que sobre no meu coração lugar para a cólera. Mas, como vê, o anjo em que depositava as suas esperanças deixou a Terra; já só pode ser alvo da adoração dos homens, ela que a esta hora adora o Senhor. Faça pois as suas despedidas, senhor, ao pobre despojo que ela esqueceu entre nós, pegue-lhe pela última vez na mão que esperava e separe-se dela para sempre. Agora, Valentine só precisa do padre que a deve abençoar.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 954

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069