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Capítulo 103: Maximilien

Página 955

- Engana-se, senhor! - gritou Morrel, levantando-se num joelho, com o coração trespassado por uma dor mais aguda do que todas as que experimentara até ali. - Engana-se: Valentine, morta como está, precisa não apenas de um padre, mas também de um vingador. Sr. de Villefort, mande buscar o padre; eu serei o vingador.

- Que quer dizer, senhor? - murmurou Villefort, tremendo perante esta nova inspiração do delírio de Morrel.

- Quero dizer - continuou Morrel - que há dois homens em si, senhor. O pai já chorou o bastante; agora é a vez de o procurador régio assumir as suas funções.

Os olhos de Noirtier cintilaram e Avrigny aproximou-se.

- Senhor - continuou o rapaz, recolhendo com os olhos todos os sentimentos que se revelavam no rosto dos presentes -, sei o que digo e o senhor sabe tão bem como eu o que vou dizer: Valentine morreu assassinada!

Villefort baixou a cabeça; Avrigny deu mais um passo; Noirtier disse «sim» com os olhos.

- Ora, senhor - continuou Morrel -, no tempo em que vivemos, uma pessoa, mesmo que não fosse jovem, bela e adorável como era Valentine, não desaparece violentamente do mundo sem que se peçam contas do seu desaparecimento. Vamos, Sr. Procurador Régio - acrescentou Morrel com crescente veemência -, nada de piedade! Denuncio-lhe o crime, procure o assassino!

E o seu olhar implacável interrogava Villefort, que, por sua vez, apelava com o olhar ora para Noirtier, ora para Avrigny. Mas em vez de encontrar auxílio no pai ou no médico, Villefort só encontrou neles um olhar tão inflexível como o de Morrel.

- Sim - pestanejou o velho.

- Sem dúvida! - disse Avrigny.

- Senhor - replicou Villefort, procurando lutar contra aquela tripla vontade e contra a sua própria emoção -, senhor, está enganado, não se cometem crimes em minha casa. A fatalidade persegue-me, Deus põe-me à prova. É horrível pensar semelhante coisa, mas não se assassina ninguém! Os olhos de Noirtier chamejaram e Avrigny abriu a boca para falar.

Morrel estendeu o braço pedindo silêncio.

- E eu digo-lhe que se mata aqui! - replicou Morrel em voz baixa, mas que nada perdeu da sua vibração terrível. - Digo- lhe que esta é a quarta vítima em quatro meses. Digo-lhe que já uma vez, há quatro dias, tentaram envenenar Valentine, e que só o não conseguiram devido às precauções tomadas pelo Sr. Noirtier! Digo-lhe que duplicaram a dose ou mudaram de veneno, e que desta vez triunfaram! Digo-lhe que o senhor sabe tudo isto tão bem como eu, pois aquele senhor preveniu-o como médico e como amigo.

- O senhor delira! - protestou Villefort, debatendo-se em vão no círculo onde se sentia preso.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 955

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069