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Capítulo 105: O Cemitério do Père-lachaise

Página 979

»Conde, havia para mim, com Valentine, uma felicidade infinita, imensa, desconhecida, uma felicidade demasiado grande, demasiado completa, demasiado divina para este mundo; uma vez que este mundo não ma deu, conde, devo dizer-lhe que sem Valentine não existe para mim na Terra mais do que desespero e desolação.

- Disse-te que tivesses esperança, Morrel - insistiu o conde.

- Acautele-se então, insisto também - redarguiu Morrel. - Porque o senhor tenta persuadir-me, e se me persuadir far-me-á perder a razão, porque me fará crer que posso tornar a ver Valentine.

O conde sorriu.

- Meu amigo, meu pai! - gritou Morrel, exaltado. Acautele- se, repito-lhe pela terceira vez, porque o ascendente que tem sobre mim assusta-me; tome cautela com o sentido das suas palavras, pois, como vê, os meus olhos reanimam-se e o meu coração reacende-se e renasce; acautele-se, porque me faria acreditar em coisas sobrenaturais... Obedeceria se me mandasse levantar a lousa do sepulcro da filha de Jairo; caminharia sobre as águas como o apóstolo se o senhor me fizesse sinal com a mão para caminhar sobre as águas... Acautele-se, porque obedecerei

- Tenha esperança, meu amigo - repetiu o conde.

- Ah! - exclamou Morrel, voltando a cair de toda a altura da sua exaltação no abismo da sua tristeza. - Ah, o senhor brinca comigo! Procede como essas boas mães, ou antes como essas mães egoístas que acalmam com palavras melífluas a dor dos filhos porque os seus gritos as incomodam. Não, meu amigo, não tinha razão em dizer-lhe que se acautelasse; não, não tema nada: sepultarei a minha dor com tanto cuidado no mais íntimo do meu peito, torná-la-ei tão profunda, tão secreta, que o senhor nem sequer terá de se incomodar a lamentá-la. Adeus, meu amigo, adeus! - Pelo contrário - redarguiu o conde -, a partir deste momento, Maximilien, viverás junto de mim e comigo, não me deixarás mais, e dentro de oito dias a França ficará para trás de nós.

- E continua a dizer-me que tenha esperança?

- Digo-te que tenhas esperança porque conheço um meio de te curar.

- Conde, o senhor entristece-me ainda mais, se é possível. O senhor não vê mais do que uma dor vulgar no desgosto que me feriu e julga confortar-me com um meio também vulgar, a viagem.

E Morrel abanou a cabeça com desdenhosa incredulidade.

- Que queres que te diga? - perguntou Monte-Cristo. - Tenho fé nas minhas promessas, deixa-me experimentar.

- Conde, o senhor prolonga apenas a minha agonia, mais nada.

- Quer dizer, és tão fraco coração que não tens coragem de dar ao teu amigo alguns dias para a experiência que ele tenta!

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 979

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069