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Capítulo 106: A partilha

Página 982

Quase imediatamente, e sem guardar o intervalo habitual, chegou uma carruagem de praça e a dama velada subiu rapidamente a escada.

A porta abriu-se e fechou-se.

Mas ainda antes de a porta se fechar, a dama exclamou:

- Lucien, meu amigo!...

De modo que o porteiro, que ouviu sem querer tal exclamação, soube então pela primeira vez que o seu locatário se chamava Lucien. Mas como era um porteiro modelo, prometeu a si mesmo nada dizer, nem sequer à mulher.

- Afinal, que aconteceu, querida amiga? - perguntou aquele de quem, na sua perturbação ou precipitação, a dama velada revelara o nome. - Vamos, diga!

- Meu amigo, posso contar consigo? - Certamente, sabe-o muito bem. Mas que aconteceu? O seu bilhete desta manhã deixou-me numa perplexidade terrível. Nunca vi tanta precipitação e desordem nos seus escritos. Vamos, tranquilize-me ou assuste-me por completo!

- Lucien, uma grande novidade! - disse a dama, pousando em Lucien um olhar interrogador. - O Sr. Danglars partiu esta noite.

- Partiu?... O Sr. Danglars partiu? Para onde?

- Ignoro.

- Ignora? ... Quer dizer que partiu para não mais voltar?

- Sem dúvida! Às dez horas da noite os seus cavalos conduziram-no à Barreira de Charenton. Aí, encontrou uma berlinda de posta completamente atrelada, meteu-se nela com o seu criado de quarto e disse ao seu cocheiro que ia a Fontainebleau.

- E a senhora, que diz a isso?

- Espere, meu amigo. Ele deixou-me uma carta...

- Uma carta?...

- Sim. Leia.

E a baronesa tirou da bolsa uma carta aberta, que apresentou a Debray.

Antes de a ler, Debray hesitou um instante, como se procurasse adivinhar o que ela continha, ou antes como, fosse o que fosse que ela contivesse, estivesse decidido a tomar antecipadamente um partido.

Passados alguns segundos, decerto já com as suas ideias bem definidas, leu.

Eis o que continha a carta que lançara tão grande perturbação no espírito da Sr.ª Danglars:

- «Minha senhora e fidelíssima esposa.»

Sem querer, Debray deteve-se e olhou a baronesa, que corou quase até à raiz dos cabelos.

- Leia - insistiu ela.

Debray continuou:

-«Quando receber esta carta já não terá marido! Oh, não perca a cabeça!... Já não terá marido, como já não terá filha, isto é, estarei numa das trinta ou quarenta estradas que levam fora de França. Devo-lhe explicações, e como a senhora é mulher para as compreender perfeitamente, dar-lhas-ei.

»Escute, pois:

»Esta manhã tive de fazer um pagamento de cinco milhões; fi-lo. Seguiu-se quase imediatamente outro da mesma importância; adiei-o para amanhã. hoje parto para evitar esse amanhã, que me seria muito desagradável suportar. Compreende o que quero dizer, não é verdade, minha senhora e preciosíssima, esposa?

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pág. 982 (Capítulo 106)

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 982

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069