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Capítulo 106: A partilha

Página 983

»Repito:

»Compreende, porque conhece tão bem como eu os meus negócios; conhece-os até melhor do que eu, atendendo a que se fosse preciso dizer o que foi feito de uma metade da minha fortuna, ainda há pouco bastante considerável, eu seria incapaz disso minha senhora, pelo contrário, estou certo de que o diria perfeitamente.

»Porque as mulheres possuem instintos de uma certeza infalível e são capazes de explicar por meio de uma álgebra que inventaram o próprio maravilhoso. eu, que só conhecia as minhas contas, fiquei sem saber nada no dia que as minhas contas me enganaram. Alguma vez estranhou a rapidez da minha queda, minha senhora? Ficou um pouco encandeada com a incandescente fusão dos meus lingotes? Eu, confesso-o, só vi fogo; esperemos que a senhora tenha encontrado um pouco de ouro nas cinzas.

»É com esta consoladora esperança que me afasto, minha senhora e prudentíssima esposa, sem que a minha consciência me censure nem um bocadinho por a abandonar. Restam-lhe amigos, as cinzas a que me referi e, para cúmulo da felicidade, a liberdade que me apresso a conceder-lhe.

»No entanto, minha senhora, é altura de colocar nesta carta uma palavra de explicação íntima. Enquanto tive a esperança de que a senhora trabalhasse para o bem-estar da nossa casa, para a fortuna da nossa filha, fechei filosoficamente os olhos; mas como a senhora transformou a casa numa vasta ruína, não quero servir de alicerce à fortuna de outrem. Recebi-a rica, mas pouco honrada.

»Desculpe-me falar-lhe com esta franqueza, mas como provavelmente só para nós dois, não vejo por que motivo disfarçaria as minhas palavras. Aumentei a nossa fortuna, que durante mais de quinze anos foi crescente, até ao momento em que catástrofes desconhecidas e ainda incompreensíveis para mim a atacaram e derrubaram sem que, posso dizê-lo, a culpa fosse de algum modo minha. Pela minha parte a senhora trabalhou para aumentar a sua, o que conseguiu, estou moralmente convencido disso. Deixo-a portanto como a recebi: rica, mas pouco honrada.

»Adeus. Também eu vou a partir de hoje trabalhar por minha conta. Creia em todo o meu reconhecimento pelo exemplo que me deu e que vou seguir.

»Seu marido muito dedicado.

»Barão Danglars.

A baronesa não tirara os olhos de Debray durante esta longa e penosa leitura. E, apesar do domínio bem conhecido que ele possuía sobre si mesmo, viu o rapaz mudar de cor uma ou duas vezes.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 983

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069