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Capítulo 106: A partilha

Página 993

Albert compreendeu o pensamento de Debray.

- Minha mãe - disse, virando-se para Mercédès -, é o Sr. Debray, secretário do ministro do Interior, um antigo amigo meu.

- Como antigo?... - balbuciou Debray. - Que quer dizer?

- Digo isto, Sr. Debray - respondeu Albert -, porque hoje já não tenho amigos nem devo voltar a tê-los. Agradeço-lhe muito ter-se dignado reconhecer-me, senhor.

Debray subiu dois degraus e veio dar um enérgico aperto de mão ao seu interlocutor.

- Creia, meu caro Albert - disse com a emoção de que era susceptível -, creia que senti profundamente a desventura que o atingiu e que estou ao seu dispor para tudo.

- Obrigado, senhor - respondeu Albert, sorrindo -, mas, apesar da nossa desventura, ficámos suficientemente ricos para não necessitarmos de recorrer a ninguém. Deixamos Paris e, depois de paga a nossa viagem, restam-nos cinco mil francos.

O rubor subiu à testa de Debray, que tinha um milhão na carteira; e por pouco poético que fosse o seu espírito exacto, não pôde deixar de reflectir que no mesmo prédio tinham estado pouco antes duas mulheres, das quais uma, justamente desonrada, se considerava pobre com um milhão e quinhentos mil francos debaixo das pregas da sua capa, e outra, injustamente atingida, mas sublime na sua desgraça, se considerava rica com alguns francos.

Este paralelo deitou por terra os seus propósitos de cortesia; a filosofia do exemplo esmagou-o. Balbuciou algumas palavras de mera delicadeza e desceu rapidamente.

Naquele dia, os amanuenses do ministério seus subordinados tiveram de lhe aturar resignadamente o mau humor.

Mas à tardinha tornava-se comprador de um belíssimo prédio situado no Bulevar da Madalena, que rendia cinquenta mil libras.

No dia seguinte, à hora em que Debray assinava a escritura, ou seja, por volta das cinco da tarde, a Sr.ª de Morcerf, depois de beijar ternamente o filho e de ser ternamente beijada por ele, subia para a diligência, cuja porta se fechava atrás de si.

No pátio da empresa de transportes Laffitte encontrava-se um homem escondido atrás de uma das janelas arqueadas das sobrelojas. Esse homem viu Mercédès subir para a carruagem; viu partir a diligência; viu Albert afastar-se.

Então passou a mão pela testa, cheio de dúvidas, e murmurou:

- Ai de mim, como hei-de restituir àqueles dois inocentes a felicidade que lhes roubei? Deus me ajudará.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 993

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069