— Pois lá está. Faça favor de ir, que eu vou vestir-me.
— Então a Sra. D. Tomásia está-se constipando? Ora esta! Isso é que eu não queria!… Cá desço, e até logo.
O bilhete, que o deputado encontrou, dizia: IFIGÉNIA DE TEIVE PONCE DE LEÃO, e logo a lápis: viúva do tenente-general Gonçalo Teles Teive Ponce de Leão.
Desfilaram por diante do espírito de Calisto Elói regimentos de ilustres famílias oriundas dos Teles e dos Teives e dos Ponces de Leão. Na linhagem dos Barbudas também alguma vez tinham entrado os Teives, e uma décima nona avó de Calisto viera de Espanha, e era Ponce, dos Ponces genuínos dos duques de Banhos.
Estava o morgado combinando estes parentescos contraídos aí pelo último quartel do século XIII, quando D. Tomásia entrou com o presunto e ovos. Calisto assentou o prato sobre dois volumes da História Genealógica, que lhe tomavam a banca; e, quanto a deglutição lho permitia, nalguns intervalos, foi perguntando:
— Então quem é esta senhora que me procurou?
— Eu só sei dizer — respondeu D. Tomásia — que é uma criatura linda, linda quanto se pode ser!
— Como assim?! — atalhou Calisto, retendo uma lasca de presunto entre os dentes molares — pois ela não é a viúva de um tenente-general, que naturalmente havia de morrer velho?
— Pode ser que ele morresse velho; mas a viúva o mais que pode ter é trinta anos.
— E com que então, galante?
— É uma imagem de cera. V. Exa. há-de vê-la. E tão elegante! A cintura cabe aqui — prosseguiu D. Tomásia, formando um anel com dois dedos.