E os afectos de Catarina, que de todo ignorava ter sido ele o agente do seu sossego; porém, muito lhe queria pelo tom grosseiro, mas paternal com que lhe admoestara a culpa!
Afora o desembargador, uma pessoa única sabia que o morgado tinha sido o conciliador engenhoso da paz da família: era Adelaide.
Esta menina vivera receosa de que o seu Vasco, rapaz timbroso, a não quisesse esposar, fazendo-a cúmplice dos desvios da irmã. Agora, já mais esperançada na realização do casamento, via com olhos agradecidos o bom provinciano, e atendia-o com os desvelos de extremosa amiga. A isto a incitava o pai, que frequentes vezes lhe dizia:
— Se este honrado fidalgo fosse solteiro, e pudesses amá-lo, filha, que prazer o nosso, se…
— Oh! papá… — atalhava quase sempre a menina — pois eu havia de casar com ele?…
— Porque não? Honra, riqueza, ciência e nobreza… que mais querias tu, filha — perguntava o pai.
Adelaide sorria-se, e murmurava de si consigo…
— Ainda bem que ele é casado, senão eu tinha que ver com a jarreta da criatura!…
No entanto, a reconhecida senhora, no auge da sua gratidão, jogava a sueca emparceirada com Calisto de Barbuda, e ensinou-lhe a jogar as damas, prenda em que o morgado revelou uma inabilidade que excede todo o encarecimento.