Apenas Calisto Elói se assentou, entrou-se na ordem do dia, e logo o presidente lhe deu a palavra.
Cessou o reboliço e falario daquela feira veneranda, assim que o deputado por Miranda começou deste teor: — Sr. presidente! Muito há que se foi deste mundo o único sujeito, de que eu me lembro, capaz de entender o Sr. Dr. Libório, e capaz de falar português digno de S. Exa.. Era o chorado defunto um personagem que foi uma vez consultar o Dr. Manuel Mendes Enxúndia, acerca daquela famigerada casa que ele tinha na ilha do Pico, com um passadiço para o Báltico. V. Exa. e a Câmara podem refrescar a memória, lendo aquele pedaço de estilo, que pressagiou estas farfalharias de hoje. Sr. presidente, a mim faz-me tristeza contemplar a ribaldaria com que os belfurinheiros de missangas e lentejoulas adornam a língua de Camões, despojando-a dos seus adereços diamantinos. A pobrezinha, trajada por mãos de gente ignara, anda por aqui a negacear-nos o riso como moura de auto, ou anjo de procissão de aldeia. Se acerta de lhe pegarem os farrapinhos broslados de folha-de-flandres em algum silvedo, a mesquinha fica nua, e nós a corarmos de vergonha por amor dela.
É forçoso, Sr. presidente, que a linguagem castiça vá com a Pátria a pique?
À hora final da terra de D. Manuel, não haverá quem lavre um protesto em português de João Pinto Ribeiro, contra os Iscariotas, Juliões, Vasconcelos e Mouras, que nos vendem?
Vozes: — À ordem!
O orador: — É contra o Regimento desta casa repetir o que está dito na história, Sr. presidente?