O segredo da expedição ficou entre Gothard, Michu, os quatro gentis-homens e Laurence. Após muitos cálculos, concluíram ser possível meter quarenta e oito mil francos, num longo saco, à garupa de cada cavalo. Três viagens bastariam. Por medida de prudência, combinaram mandar a Troyes, para verem os divertimentos da Serração da Velha, todo O pessoal do castelo cuja curiosidade pudesse tornar-se perigosa. Catarina, Marta e Durieu, pessoas de confiança, ficariam de guarda ao castelo. O pessoal aceitou de bom grado a liberdade que lhe davam, e partiu antes do nascer do Sol. Gothard, ajudado por Michu, pensou e selou os cavalos de madrugada. A caravana meteu pelos jardins de Cinq-Cygne, e, daí, patrões e criados embrenharam-se pela floresta. No momento em que montavam a cavalo, pois a porta do parque era tão baixa que todos se viram obrigados a atravessá-lo a pé, de cavalo pela arreata, aconteceu passar o velho Beauvisage, rendeiro de Bellache.
- Cuidado! -exclamou Gothard-, vem gente.
- Oh! Sou eu - disse o honesto rendeiro, que desembocava do caminho. - Salve, meus senhores. Com que então vão para a caça, apesar das proibições da prefeitura? Não serei eu quem se queixe, mas cuidado! Se têm muitos amigos não lhes faltam inimigos.
- Oh! - replicou, sorrindo, o gordo Hauteserre. - Se Deus quiser que a nossa caça seja frutuosa, voltarás a encontrar os teus patrões.
Estas palavras, a que O acontecimento imprimiu um sentido muito diferente, mereceram um Olhar severo de Laurence a Roberto. O mais velho dos Simeuse pensava que Malin restituiria as terras de Gondreville a troco de uma indemnização. Aqueles rapazes estavam prontos a fazer o contrário do que lhes aconselhara o marquês de Chargeboeuf. Roberto, que partilhava, das mesmas esperanças, nisso pensava ao dizer aquela frase fatal.