Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 19: XIX-OS DEBATES

Página 210
..

Abordou estas hipóteses com uma habilidade extraordinária. Insistiu em chamar a atenção sobre a moralidade das testemunhas de defesa, cuja fé religiosa era tão viva, que acreditavam num futuro, em penas eternas. Neste ponto foi sublime e soube comover profundamente.

- Pois quê! - exclamou ele - estes criminosos jantam tranquilamente ao saberem, pela prima, do rapto do senador! Quando o oficial da gendarmaria lhes sugere a forma de acabarem com tudo aquilo, recusam-se a entregar o senador, não sabem o que pretendem deles!

Então deixou perceber que havia por detrás daquilo tudo um caso misterioso, cuja chave estava nas mãos do tempo, que acabaria por desmascarar aquela injusta acusação. Uma vez neste terreno, teve a audaciosa e engenhosa habilidade de se supor jurado: narrou a deliberação com os colegas, apresentou-se como o maior dos desgraçados no caso de ter sido responsável de cruéis condenações e o erro vir a ser conhecido; tão bem ou tão mal pintou os seus remorsos e repisou as dúvidas que a defesa nele provocaria, com tanta persuasão o fez, que mergulhou os jurados numa horrível ansiedade.

Os jurados ainda não estavam escalados com aquela espécie de alocuções, que tinha então o encanto das coisas novas, e o júri sentiu-se abalado. Depois do caloroso discurso do Senhor de Granville, os jurados tiveram de ouvir o fino e especioso procurador, que multiplicou a~ considerações, fez avultar todos os aspectos tenebrosos do processo e o tornou inexplicável. Conduziu-se de forma a impressionar a sensibilidade e a razão, tal como o Senhor de Granville atacara o coração e a imaginação. Enfim, soube enrodilhar os jurados com uma convicção tão séria que o acusador público viu os seus andaimes por terra. Tão claro foi que o advogado dos Senhores de Hauteserre e de Gothard se entregou nas mãos da prudência dos jurados, achando que a acusação que pesava sobre eles pouco ou nada valia.

<< Página Anterior

pág. 210 (Capítulo 19)

Página Seguinte >>

Capa do livro Um Caso Tenebroso
Páginas: 249
Página atual: 210

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - OS JUDAS 1
II – PROJECTO DE UM CRIME 16
III - AS MALÍCIAS DE MALIN 25
IV - FORA A MÁSCARA! 35
V – LAURENCE DE CINQ-CYGNE 43
VI - FISIONOMIAS REALISTAS NO TEMPO DO CONSULADO 54
VII - A VISITA DOMICILIARIA 67
VIII-UM RECANTO DA FLORESTA 78
IX - DESDITAS DA POLÍCIA 90
X - LAURENCE E CORENTIN 104
XI - DESFORRA DA POLÍCIA 117
XII - UM DUPLO E MESMO AMOR 128
XIII – UM BOM CONSELHO 140
XIV -AS CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO 151
XV - A JUSTIÇA SEGUNDO O CÓDIGO DE BRUMÁRIO DO ANO IV 159
XVI - AS DETENÇÕES 168
XVII - DÚVIDAS DOS DEFENSORES OFICIOSOS 178
XVIII – MARTA COMPROMETIDA 190
XIX-OS DEBATES 196
XX – HORRÍVEL PERIPÉCIA 212
XXI - O BIVAQUE DO IMPERADOR 222
XXII-DISSIPAM-SE AS TREVAS 236