Se, em vez de servir esses que me querem mal, estivesse do meu lado, faria por você coisa bem melhor do que renovar-lhe o seu contrato de arrendamento...
- Que fazia você? - articulou o camponês ávido, abrindo muito os olhos.
- Vendia-lhe as minhas terras por um rico preço.
- Nunca o preço é convidativo quando é preciso pagar - disse, sentenciosamente, Violette.
- Estou disposto a deixar estes sítios, e sou capaz de lhe dar a minha quinta de Mousseau, as casas, as sementeiras, os animais, tudo por cinquenta mil francos.
- Palavra?
- Convém-lhe?
- Caramba, é preciso ver.
- Falemos do assunto... Mas quero garantias.
- Não tenho nada.
- Uma palavra.
- Ainda assim!...
- Diga-me: quem o mandou a minha casa?
- Fui onde tinha de ir há bocado; em volta quis dar-lhe as boas-noites.
- E sem o potro? Julgas que sou tolo? Estás a mentir; não terás a minha quinta.
- Pois seja, foi o Senhor Grévin, então?
Disse-me ele: «Violette, nós precisamos de Michu; vai falar com ele. Se não estiver em casa, espera por ele...» Percebi que tinha de ficar esta noite por aqui...
- Os trangalhadanças de Paris ainda estavam no castelo?
- Ah! lá isso não sei; mas havia gente no salão.
- A quinta será tua, assentemos ideias. Mulher: vai buscar a vinhaça da tabela. Quero do melhor vinho do Roussillon, o vinho do ex-marquês... Não somos nenhumas crianças. Estão duas garrafas em cima do barril vazio, à entrada, e mais uma de branco.
- Está bem! - exclamou Violette, que nunca se embebedava -; venha o vinho!
. - Você tem cinquenta mil francos debaixo dos tijolos do seu quarto, a todo o comprimento da cama: contar-me-á esse dinheiro quinze dias depois do contrato firmado no cartório do Grévin...
Violette olhou fixamente para Michu e ficou lívido.