Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 6: VI - FISIONOMIAS REALISTAS NO TEMPO DO CONSULADO

Página 64

Pode imaginar-se o profundo silêncio que reinava no parque, nos pátios, lá fora, às 21 horas, no castelo de Cinq-Cygne, onde naquele momento as coisas e as pessoas se encontravam tão harmoniosamente compostas, reinava a mais profunda paz, a abundância crescia de novo, e o bom e prudente fidalgo esperava converter a pupila ao seu sistema de obediência, graças à continuidade dos felizes resultados. E os realistas prosseguiam no jogo do boston, que espalhara por toda a França ideias de independência sob uma forma frívola, inventada em honra dos insurrectos da América, e cujos termos lembravam a luta encorajada por Luís XVI. Enquanto iam fazendo independências ou misérias, observavam Laurence, que, daí a pouco, vencida pelo sono, adormecia com um sorriso de ironia nos lábios: o seu último pensamento apreendera o quadro pacífico daquela mesa em que duas palavras, duas palavras apenas fazendo saber aos Hauteserre que os seus filhos haviam passado a noite anterior debaixo da mesma telha, bastariam para lançar sobre e1a o mais vivo terror. Qual a jovem de vinte e três anos que se não sentiria orgulhosa, como Laurence, de talhar o seu próprio destino e como ela não teria sentido um ligeiro movimento de compaixão por aqueles que via tão pronunciadamente abaixo de si?

- Adormeceu - murmurou o abade. - Nunca a vi tão fatigada.

- Durieu disse-me que a égua dela parece esfalfada - observou a Senhora de Hauteserre - não se serviu da espingarda, a caçoleta está limpa; não pode ter caçado.

- Ah! saco de papéis! - tornou o cura - já não presto para nada.

-Ora! -exclamou a Menina Goujet.-; quando eu tinha vinte e três anos e me vi condenada a ficar para tia, corria, fatigava-me, mas de outra maneira. Compreendo perfeitamente que a condessa ande por aí de passeio por esses campos sem pensar em matar caça.

<< Página Anterior

pág. 64 (Capítulo 6)

Página Seguinte >>

Capa do livro Um Caso Tenebroso
Páginas: 249
Página atual: 64

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - OS JUDAS 1
II – PROJECTO DE UM CRIME 16
III - AS MALÍCIAS DE MALIN 25
IV - FORA A MÁSCARA! 35
V – LAURENCE DE CINQ-CYGNE 43
VI - FISIONOMIAS REALISTAS NO TEMPO DO CONSULADO 54
VII - A VISITA DOMICILIARIA 67
VIII-UM RECANTO DA FLORESTA 78
IX - DESDITAS DA POLÍCIA 90
X - LAURENCE E CORENTIN 104
XI - DESFORRA DA POLÍCIA 117
XII - UM DUPLO E MESMO AMOR 128
XIII – UM BOM CONSELHO 140
XIV -AS CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO 151
XV - A JUSTIÇA SEGUNDO O CÓDIGO DE BRUMÁRIO DO ANO IV 159
XVI - AS DETENÇÕES 168
XVII - DÚVIDAS DOS DEFENSORES OFICIOSOS 178
XVIII – MARTA COMPROMETIDA 190
XIX-OS DEBATES 196
XX – HORRÍVEL PERIPÉCIA 212
XXI - O BIVAQUE DO IMPERADOR 222
XXII-DISSIPAM-SE AS TREVAS 236