.. e em que perigo! Michu - atalhou com uma expressão repassada de melancolia - peço-te que sejas tão prudente nestas quinze horas como foste grande e dedicado em doze anos. Se acontecesse alguma desgraça a meus primos, eu não resistiria... Não, havia de viver o tempo que bastasse para matar eu própria esse Bonaparte!
- Conte comigo no dia em que tudo estiver perdido.
Laurence pegou na rude mão de Michu e apertou-lha vivamente à inglesa. Michu puxou do relógio; era meia-noite.
- Vamos sair daqui, custe o que custar - disse ele. - Ai dos gendarmes que me barrarem o caminho! - E a menina, sem que isto seja uma - ordem, volte para Cinq-Cygne a toda a brida. Eles já lá estão; entretenha-os.
Aberta a entrada do subterrâneo, Michu não ouviu ruído; encostou o ouvido ao chão e logo se levantou rapidamente.
- Estão na orla da floresta, lá para os lados de Troyes - disse ele -; eu lhes tratarei da saúde!
Ajudou a condessa a sair e voltou a armar as pedras da mesma maneira. Quando acabou, ouviu que o chamava a voz macia de Laurence; queria vê-lo a cavalo antes de ela própria montar. Aquele homem rude apresentava os olhos rasos de lágrimas quando pela última vez fitou a jovem condessa que, pelo seu lado, tinha os seus completamente enxutos.
«Pois vamos entretê-los. Michu tem razão!» - disse ela de si para consigo quando deixou de ouvir o ruído do cavalo.
E dirigiu-se para Cinq-Cygne a todo o galope.