No dia seguinte, 20 de fevereiro, acordei muito tarde. As fadigas da noite haviam prolongado o meu sono até as onze horas. Vesti-me rapidamente porque tinha pressa em saber qual o rumo do “Nautilus”. Os instrumentos do salão indicaram-me que ele continuava a navegar para ó sul, com uma velocidade de vinte milhas por hora e a uma profundidade de cem metros.
Esse dia passou-se sem novidades. No entanto, estive espiritualmente muito ocupado recordando todos os meus conhecimentos sobre a história da Atlântida. O passeio da noite anterior me deixara realmente impressionado. Não teria sido um sonho?
No dia seguinte, 21 de fevereiro, eram oito horas da manhã quando cheguei ao salão. Olhei o manômetro. O “Nautilus” flutuava à superfície do oceano. Dirigi-me para o alçapão que estava aberto. Mas em vez da luz do dia que esperava, vi-me rodeado de uma escuridão profunda.
Onde estaríamos? Ainda seria noite e eu teria-me enganado?
Não sabia o que pensar, quando ouvi a voz do Capitão Nemo.
- Professor Aronnax?
- Sim. Onde estamos, capitão?
- Debaixo da terra, professor.
- Debaixo da terra? Mas o “Nautilus” está flutuando?
- Como sempre, professor.
- Mas não compreendo!
- Espere uns instantes. O nosso farol vai acender-se e, se gosta de situações claras, vai ficar satisfeito.
A escuridão era tão completa que nem sequer eu via o capitão. No entanto, olhando o zênite, exatamente por cima de minha cabeça, pareceu-me ver uma luz vaga, uma espécie de meia-luz que enchia um buraco circular. Naquele momento acendeu-se o farol do “Nautilus” e o seu brilho intenso fez desvanecer num instante aquela vaga luz.